Elogios individuais em demasia saem sempre pela culatra

Nem tanto ao mar, nem tanto a terra, nem podemos nos apoiar somente na individualidade, nem tampouco desmerecê-la. A reflexão que proponho é sobre o ponto de equilíbrio onde potencializamos os talentos de cada um sobre uma base colaborativa, o senso de equipe catalizando talentos individuais.

O pensamento das organizações do século passado sempre investiu no super-herói solitário, que mesmo pertencendo a uma equipe, atuava por si, muitos eram workaholics individualista, frequentemente desmerecendo o coletivo, quase sempre gerando zonas de conforto e consolidando esferas de poder.

TODAS as abordagens contemporâneas em que acredito, TODOS os autores relevantes valorizam o coletivo. Somos mais importante pelo uso de nossa individualidade na contribuição ao conjunto, na passagem de conhecimento. Mais por isso que por ser o único capaz de fazer, o único que sabe, … ad eternum!

super

Não somos jogadores de futebol, em TI não tem como todos ficarem levantando a bola na área para o goleador. Em TI não podemos ser reféns dos super-heróis, porque heróis não podem tirar férias, nem pensar em sair. Você é partidário do “Um por todos e todos por um” ou incentiva “Todos por um, senão não funciona”.

CRUPO += INDIVÍDUOS

Trabalho real em equipe, estabelecendo metas coletivas, auto-organização como meio, gerando a necessidade de passagem de conhecimento, de colaboração, potencializando e valorizando o CHA de cada um, sempre com foco em melhoria contínua – das pessoas, tecnologia, projetos, produtos, negócios.

Não quer dizer que o profissional que mais colaborou para os resultados de negócio e crescimento contínuo do seu entorno não receberá méritos e promoções, mas valorizá-lo não deve ser feito de forma inconsequente, mas responsável e energizante, contagiando a todos, não desmotivando.

Sempre é possível usar a mesma frase, do mais amplo ao mais restrito, elogiando o resultado coletivo ao mesmo tempo que valoriza os méritos individuais.

O fato de termos um profissional Senior, Pleno ou Júnior atribui naturalmente maior responsabilidade aos mais experientes ou conhecedores, ele deve assumir este papel de forma a agregar tanto valor individual quanto coletivo, porque sabe que é isso que esperamos de um bom profissional do século XXI.

PSIQUE HUMANA

Até a década de 80 ou mesmo 90 ainda era comum termos o culto ao super-herói, aquele cara que não pode sair de férias, não pode desligar o celular, aquele que sem ele a coisa não anda. Hoje não penso duas vezes ao afirmar que conhecimento único e reservado é risco de perda, de rupturas, o coletivo sempre é mais.

AO ELOGIAR DEMAIS SÓ UMA PESSOA, afirmando que ela é a responsável maior pelo sucesso resultante de um grupo, há o risco dela começar a acreditar e agir de acordo, como um super-herói  solitário.

O mesmo ocorre a uma criança inteligente, a um(a) jovem muito bonito(a), a um profissional muito conhecedor, após centenas de adulações inconsequentes criamos pessoas arrogantes, pseudo-auto-suficientes, menos pacientes com os outros, porque passam a acreditar realmente que estão acima dos outros.

TALENTO e CONHECIMENTO

Quero diferenciar futebol de desenvolvimento de software, prefiro pessoas colaborativas, mesmo em áreas como o futebol e artes, mesmo que alguém talentoso ganhe fama e fortuna sendo arrogante, irascível, sendo primas donas concorridas e leiloados por muitos.

Isso gera pessoas que quando erram, não reconhecem, quando podem melhorar em algo, não assumem, eles dizem “Vocês vão ter que me engolir!”. Se o talento e conhecimento são dons impossíveis de serem compartilhados ou seguidos, pode gerar sucesso, mas a TI e nós mesmos não somos o Barcelona e o Neimar Jr.

Um bom analista, desenvolvedor, testador, facilitadores, etc, precisam contar e serem contados pelos seus times. Ao iniciar uma reunião é fácil perceber o quanto há sinergia, geração de valor, colaboração, bem como é fácil perceber disputas de ego gerando desperdício e poderosas zonas de conforto … disputas x colaboração.

SÉCULO XXI

Capital intelectual é o maior bem de uma empresa, ele pode ser inutilizado através da valorização apenas de expoentes ou utilizado pelo senso de pertença e de time, um é mais arriscado e o outro mais sustentável, em um somos reféns dos ditos especiais e únicos, no outro temos substrato e continuidade.

Não é o único caminho, mas acho constrangedor quando uma só pessoa é “destacada” por aquilo de bom que um grupo fez. Sempre é possível na mesma frase valorizar o grupo e, se for válido, citar o papel de alguém, as vezes de integração, especialização, experiência utilizada, por ser referência.

Fujo dos arrogantes como o Cascão foge do banho, geniosos, difíceis, muitos são ótimos técnicos, especialistas, mas com frequencia tenho que ficar sempre aguardando a próxima bola fora, a próxima crise, para então colocar água morna, acalmar, gastar o dobro de energia para energizar o time …

4 comentários

  1. Uau. Uau duplo. Nem sei por onde começar. Deixe-me ver, primeiro vem o lance do futebol como analogia para gente independente. Eu sempre vi times que contam com esse tipo de jogador como equipes menores, como uma estratégia fraca. Afinal, eu vejo como o mesmo que dizer que um exército é mais forte porque tem este ou aquele super-soldado, e estratégia, trabalho em equipe e um plano são coisas irrelevantes. Muito curiosa essa analogia, eu esperaria que alguém dissesse o contrário. Mas acho que você está certo: Brasil x Alemanha demonstram como essas equipes estão funcionando hoje – ou você tem o superstar, ou tá ferrado.

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  2. Segundo, a questão da individualidade vs. a coletividade. Acho que você mirou numa coisa e acertou em duas. Primeiro, evidentemente o equilíbrio é importante. Quem realiza é o indivíduo. O grupo realiza mais quando trabalha entrosado porque faz com o resultado seja maior que a mera soma das partes, da mesma forma que uma equipe disfuncional realiza menos que a soma das partes. Foi nisto que você, pelo que entendi, mirou. Mas, e aqui está aquilo no que eu acho que você não mirou, grupos não são sempre a solução. Há que haver equilíbrio: certas funções são melhor executadas por grupos, e certas, melhor por indivíduos. Percebeu isso? Dizemos que cão de dois donos morre de fome. Em muitas organizações – startups incluídas, se não as mais afetadas – é imprescindível a existência de UM líder, de UM indivíduo com uma clara visão de aonde ir, o que fazer. É por isso, até, que escolhemos sempre um representante maior para tomar uma decisão final, para direcionar o organização. Tanto que temos steering committee, board of directors etc., mas precisamos de um CEO, e não de um Executive Board Officers, um CFO e não um Financial Board of Accountants etc.

    Logo, precisamos de equilíbrio: um pouco de equipes, com reconhecimentos internos do indivíduo, e um pouco de heróis, líderes, visionários, que deixam um vazio ao partir. 😉

    Você tinha pensado nisso??

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