Durante 10 dias, deixem os caras trabalharem

De nada adianta falar de Lean, Agile, Scrum, Kanban, auto-organização, curva de Tuckman, para então ficar microgerenciando, julgando, criticando tudo que é diferente do que você faria.

Teremos a cada 10 dias, ciclicamente, plannings, dailys, reviews, refinos, retrôs, nos relembrando Juan Bernabó no AB2016 … “Esperemos que as retrospectivas façam seu trabalho!”.

Interferência

Quem acredita que é válido ficar gerindo, reclamando e corrigindo decisões autonomas do time no transcorrer da sprint não pratica nem auto-organização, menos ainda Agile.

Por favor, deixem o time trabalhar durante a sprint, só interfiram em caso de acionamento, pedidos de ajuda, desimpedimentos ou como disse certa vez o Deli Matsuo – ao discordar, sentiremos uma dorzinha no estômago, mas sempre que possivel deixe que tentem, podem surpreender ou aprender intensamente com seus erros.

Scrum

Por isso Scrum é o método ágil mais praticado no mundo, jamais sozinho, sempre com XP, com Kanban, mas usado por milhares como porto seguro em (auto)gestão de projetos ágeis para desenvolvimento de software.

Ele possui timeboxes e momentos apropriados para planejar, para interagir e assegurar, para realinhar e para melhoria continua, aprendendo com o próprio trabalho e processo sugerido e (auto)estabelecido.

Analysis Paralysis

Já escrevi sobre os efeitos negativos do microgerenciamento, tanto quanto dos efeitos positivos da auto-eficácia, de ciclos iterativo-incrementais-articulados, gemba, kaizen, mas isso exige delegação e confiança.

Muitas vezes algum gestor, coach ou facilitador sucumbe a Sindrome do Herói, interfere mais que agrega, mas ao final sai com a impressão que só melhoraram porque interferiu … No fundo acha que sem ele não funciona e precisa provar esse pressuposto.

Dizer que confia no time e ficar criticando durante as sprints situações e decisões irrelevantes no quesito falar agora ou aguardar a review e retrô, é um paradoxo. É dizer uma coisa e praticar outra, disseminando ansiedade, dispersando o foco do time naquilo que interessa, entrega de valor e aprender com isso.

Crônica – “Novo gerente” – Luís Fernando Veríssimo

Uma empresa entendeu que estava na hora de mudar o estilo de gestão e contratou um novo gerente geral. Este veio determinado a agitar as bases e tornar a empresa mais produtiva.

No primeiro dia, acompanhado dos principais assessores, fez uma inspeção à toda empresa. No armazém todos estavam trabalhando, mas um rapaz novo estava encostado na parede com as mãos no bolso.

Vendo uma boa oportunidade de demonstrar a sua nova filosofia de trabalho, o novo gerente perguntou ao rapaz:
– Quanto é que você ganha por mês?
– 800 reais, porquê? – respondeu o rapaz sem saber do que se tratava.

O administrador tirou os R$ 800,00 do bolso e os deu ao rapaz, dizendo:
– Aqui está o seu salário deste mês. Agora desapareça e não volte aqui nunca mais!
O rapaz guardou o dinheiro e saiu conforme as ordens recebidas.
O gerente então, enchendo o peito, pergunta ao grupo de operários:
– Algum de vocês sabe o que este cara fazia aqui?
– Sim Senhor – responderam atônitos os operários.
– Veio entregar uma pizza e estava aguardando o troco.

“Há pessoas que desejam tanto mandar, que se esquecem de pensar”

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