Esta dinâmica eu aprendi em aula com uma das professoras que mais me impressionaram pela sua postura e condução durante meu mestrado na FACE, a Profª Drª Grace Becker de Gestão por Competências. Entrou imediatamente para meu repertório de dinâmicas, mas não tinha nome, que só fui descobrir um ano depois em uma palestra do Fábio Serrano da SAP Labs – Charetting!
É uma ferramenta eficaz para estabelecer um processo colaborativo para compreensão, ideação e definição de alternativas. Alinhado não só com os praticantes e preceitos do Design Thinking, mas também com metodologias ágeis. É usar a plenitude do capital intelectual disponível para entendimento do problema e desenhar o que seria a melhor solução.
Trata-se de uma técnica coletiva e iterativo-incremental muito semelhante a outras praticadas, como a inception por exemplo, onde discutimos personas enquanto clientes, quais os seus objetivos em relação a problemas ou desafios, para então discutir e mapear necessidades para atende-los:
- Desafio – Declare claramente qual o desafio, quer sendo um problema ou oportunidade;
- Personas – Discutam e relacionem os diferentes clientes, usuários e perfis (personas); Priorize estes usuários por relevância e escolha o mais importante;
- Objetivos – Discutam e relacionem os objetivos deste usuário; Priorize estes objetivos por relevância para este usuário e escolha o mais importante;
- Soluções – Discutam e relacionem as soluções possíveis para este objetivo;
- Repetição – Se possível, avance e escolha outro objetivo deste usuário ou outro usuário; Repita a discussão de objetivos e soluções, ampliando seu entendimento e mapa; Repense seu desafio original
O termo Charetting aparentemente vem do que conhecemos como síndrome do estudante, que no tempo das charretes e carruagens acabavam por fazer seus trabalhos no caminho para a escola, em meio ao trânsito e em público. Uma analogia que conota que este trabalho não é feito em casa, sozinho, mas envolvendo o público, relativo à equipe e principais interessados.
O potencial criativo da etapa de Repetição:
Assim que identificado os primeiros tópicos, há um dinâmica onde flexionamos a frase que contém o desafio, personas, objetivo e solução, substituindo cada entendimento conforme as diferentes percepções de cada participante, gerando cenários … diferentes versões sob a óptica e fluência de cada integrante, sérias ou descontraídas, onde cada um pode remontá-la diferente, provocadora.
Ainda mais instigante é constituir um exercício de adaptação a cenários, desafiando todos a mudarem seu produto ou serviço a partir da substituição do objetivo, segmento ou restrição. Se é uma solução para determinado segmento, o que muda se o cliente fosse marcianos? homens-peixe? só público feminino? praia ou surfistas? Desafiando 50% de corte de verba ou o oposto, propondo verba e recursos ilimitados.
A etapa de repetição é um game de inovação que uso para aquecimento em pré-reuniões de modelagem, pois além de ser uma técnica muito instigante, também pode ser usado como um excelente quebra-gelo ou para aquecer as sinapses 🙂
Team Building Game
Ideação, prototipação e adaptabilidade, tão importante quanto ter a ideia é validá-la e estar atento ao mercado:
- Organize equipes de 3 a 5 pessoas;
- Inicie um brainstorming em busca de inovações;
- Cada equipe seleciona uma dentre as que rolaram;
- Proponha que façam um protótipo em papel, 2D ou 3D;
- Ofereça tesouras, papel colorido, adesivo ou cola;
- Cada equipe apresente ideia e protótipo em um pitch.
Após os protótipos prontos, anuncie que o mercado mudou, que cada equipe terá que adaptar-se, pivotando:
- Tornar o protótipo 100% para público feminino;
- Vamos a Marte e precisamos adaptar a marcianos;
- Egito antigo, “miliardários”, pão duros, …