O 6Sigma diferenciou com razão as abordagens DMAIC, para o refinamento de um processo já existente, conhecido, em execução, e o método DMADV para o desenvolvimento de novos produtos e seus processos, o que ficou conhecido como Design for 6Sigma.

O método DMADV – Define, Measure, Analyse, Design e Verify – foi criado com as premissas do 6Sigma, mas focado no apoio ao desenvolvimento de novos produtos e seus processos. Sob esta óptica, ter um só método o tornaria mais complexo do que especializar um apenas para a inovação, para design.
É inacreditável o quanto, sob princípios tão diferentes, é possível tentar entender os pontos de contato, ilação ou inflexão entre o Design Thinking da escola de design de Stanford – Define, Empathy, Ideate, Prototype, Test – e o DMADV do 6Sigma – Define, Measure, Analyse, Design e Verify.
A seguir vou fazer minha interpretação nesse sentido, entre a Design School de Stanford e DMADV. Não é heresia, muito pelo contrário, corrobora Lavoisier, posto que nada se cria nem se perde, apenas se transforma – Nada surge do nada, sempre está silenciosamente “apoiada em ombros de gigantes”.
1. Define (DMADV)
Essa fase, homônima diga-se de passagem, é responsável pelo entendimento básico do desafio, o que pretendemos desenvolver, quem é o cliente, o problema ou oportunidade, o que precisaremos para este trabalho, riscos, cenários, projeções para planejamento e execução, incluindo um cronograma inicial.
É claro que comparar 6Sigma e Design School não é equipará-los, posto que suas premissas e princípios são muito distintos, as ferramentas e técnicas são diametralmente opostas, a participação e protagonismo envolvem outros atores, desde o entendimento até a tomada de decisão.
Mas aqui estamos falando de mercado, de negócio, de estabelecer nosso ‘desafio de design’ 😉
2. Measure (DMADV)
Apesar de uma abordagem mais orientada a dados e aspectos típicos de um período ainda muito hierarquizado, na prática, estamos falando sim de empatia, de entendimento do cliente, de sua necessidade, escopo, qualidade, riscos, … (10 áreas do PMBOK está bom).
Assim como na Design School, o segundo passo pode ter empatia através de pesquisa, entrevistas, benchmarking, apesar do método ser mais cartesiano, aqui temos um estudo do mercado e cliente, formalizando ao máximo informações qualitativas e quantitativas de apoio.
3. Analyze (DMADV)
A partir do resultado prático e todo o conhecimento estabelecido pelas duas primeiras etapas, a terceira de Análise é um momento de materialização do entendimento em opções, simulações, gerando informações em uma modelagem que proporcionará logo a seguir a construção de um protótipo.
A análise e modelagem gerará os planos para os próximos passos, se utilizando de muita ideação e no uso de diferentes técnicas para entendimento de opções e possibilidades e apoio a decisão para escolha do melhor, equilibrando informações externas e internas – mercado, produção, ROI.
4. Design (DMADV)
Chegamos à quarta etapa, chamada de Design e que será responsável pela prototipação e aferição dos planos quanto a sua acuidade e assertividade. Dito isto, a geração de um protótipo não fica apenas na escala de design, mas de sua viabilidade e operacionalização.
Apesar de existir uma etapa de verificação, a última das cinco, ainda nesta quarta etapa de Design já existirá um esforço de testes e feedbacks do protótipo, análise dos mesmos e consequente aperfeiçoamento dos planos, inclusive para entrada em produção e lançamento.
5. Verify (DMADV)
A verificação vai além dos testes do protótipo já realizados, mas validam e aferem os planos de forma a executá-los o melhor possível. Se os testes anteriores estavam focados nos termos da prototipação de produto, aqui os testes e validações são a nível de piloto – produção, negócio, mercado.
O próprio acompanhamento baseado em dados no início de produção piloto, lançamento e comercialização garante a percepção e antecipação da reação a riscos. A partir da validação, entraremos no ciclo de melhoria contínua simbolizado pelo DMAIC.
