Proposto por Edward de Bono nos anos 60, é uma abordagem filosófica que propõe a busca por soluções disruptivas, inesperadas, mesmo tendo uma solução conhecida. Segundo o autor, há sempre uma tendência à zona de conforto, escolhendo soluções conhecidas e de baixo risco, ao invés de contornar o óbvio e buscar em outros caminhos soluções impensadas.
Pensamento lateral ou horizontal é buscarmos soluções a partir de pensamentos indiretos e inovadores, sob uma óptica diferente e inusitada. Tem muito a ver com o conceito de profissional TShaped, que possui profundidade na sua área, mas também amplitude de conhecimento. O conceito de profissional T assimilada e depois disseminada pela IDEO a partir da virada do século.
VERTICAL – A percepção e dimensão vertical do TShaped fala sobre a profundidade de conhecimento, aquele acumulo homogêneo que nos torna especialistas em algo. Na vertical, quanto maior o acumulo, a solução encontrada deverá sempre ser aquela com maior embasamento técnico justificado.
HORIZONTAL – Na amplitude oferecida pela haste horizontal do TShaped, temos polinização cruzada, ambidestria e capacidade absortiva. É desenvolvermos e acumularmos conhecimentos diversos, variados, permitindo que possamos ver por diferentes perspectivas, fomentando a inovação.
15/02/2016 – equipes-ageis-e-profissionais-t-especialistas-com-conhecimento-multi-disciplinar
O pensamento lateral incentiva a criatividade, a disrupção, possui maior apetite ao risco, estando aberto a soluções inovadoras e na maior parte das vezes não experimentadas ou comprovadas. O autor elencou quatro técnicas – consciência, estimulação aleatória, alternativas e alteração.
CONSCIÊNCIA é aquela que racionalizamos nosso primeiro passo, a ciência sobre como fazemos nos permite ressignificar o nosso apetite ao novo, ao risco, ao imponderável. A busca pelo pensamento lateral exige consciência disto para fazê-lo mesmo assim.
ESTÍMULO ALEATÓRIO é evitar o conforto do foco na solução, permitir-se acessar uma variedade de informações aparentemente desconexas e inúteis, de onde poderá emergir uma solução inovadora. Tem a ver com conceitos de ócio criativo de De Massi, é uma nova forma de pensar soluções.
OUTRAS ALTERNATIVAS é o dever auto-imposto, que mesmo após encontrar uma solução, segura ou inovadora, dar-se ao direito de procurar um pouco mais, é não sentir-se seguro quando encontrar uma primeira possível solução, é persistir olhando por novos ângulos.
ALTERAR PADRÕES é perverter o pensamento sistêmico tradicional, é fracionar de forma inesperada as partes, mesmo sem sentido aparente inicial, é ir contra a lógica racional de causa e efeito. Seguir uma alternativa explicitamente errada por exemplo, pode nos levar a novos ângulos.
- https://www.edwddebono.com/lateral-thinking
- Forbes – the-most-valuable-skill-in-difficult-times-is-lateral -thinking
CONTRAPONTO
Para tudo há um ponto de equilíbrio, conceitos de ambidestria e capacidade de absorção tem a ver com perspectivas de exploitation (consumo) e exploration (inovação). Há momentos em que não há margem para abordagens como pensamento lateral, onde não há espaço para a investir em inovação ou alimentar o apetite ao risco tendo uma solução conhecida e eficiente.
Um modelo como este do pensamento lateral é para ser um mecanismo natural, como em em equipes ágeis, sem pressão, orgânico, quando frente a desafios de qualquer porte, também nos damos ao direito de também pensar lateralmente. Isto é o que a IDEO se propôs ao valorizar profissionais T-Shaped.
Técnicas colaborativas de planejamento, brainstorming, explicitamente no XP, nas cadências do Kanban ou cerimônias do Scrum, há um forte viés de gamestorming. O mesmo no Design Thinking, o pensamento lateral não é uma exceção, é uma das opções ao ver-se desafios por todos os ângulos.
Jorge Horácio "Kotick" Audy 
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