Sempre fui um radical defensor do Lean para todo tipo de ação, agregar o máximo de valor com mínimo desperdício, usar o que já está disponível e ao alcance. Quando conheci a abordagem de Effectuation da Profª Saras, as pontas fecharam com Lean e modelo Cinefin.
No fundo, todos sabemos que devemos ser racionais, devemos ser conscientes, sustentáveis, trabalhar de forma evolutiva e proporcional ao resultado que irá gerar. Temos Pareto, Cynefin, Pace Layered, Lean Thinking, Effectuation, Customer development, Small project philosophy, …
Essa reflexão vale para tudo, trabalho, eventos, iniciativas públicas e privadas. Não estou falando de corrupção ou desvios, mas as que não são do mal, só pouco ou nada sustentáveis, gerando muito desperdício, investimento desnecessário, por vaidade mais que necessidade.
POMPA E CIRCUNSTÂNCIA
Somos obrigados a admitir que pompa e circunstância é um vício, por diversos motivo os resultados não são atraentes se não houver glamour, investimento e status. É diametralmente oposto ao que CK Prahalad fala sobre inovação na base da pirâmide (*).
(*) Preferimos comprar uma boneca se estiver em uma embalagem que gera uma “boa experiência do cliente”, entretanto esta “experiência” é um construto criado pelo mercado. E boa parte dos motivos que a tornaram desejável, não agrega valor real … no fundo, é só mais uma boneca.

O mercado, mídia, stakeholders, todos buscam estarem cercados por pompa e circunstância … lembro de uma ONG que eu era voluntário nos anos 2000 dizendo que as fundações nem falam contigo se o projeto for racional e acanhado em valores, eles não geram mídia, só resultados.
PARA SEMPRE MAFALDA
Daí surgem os grandes desperdícios ocultos, aqueles onde há grande pompa e circunstância, lembra uma tirinha da MAFALDA do Quiño onde ela e Susanita conversam sobre o que é um chá beneficiente, enquanto a mãe escuta pela porta … mais ou menos assim:
“São aqueles chás caros no Plaza com todas aquelas coisas maravilhosas de comer, para juntar algum dinheiro para comprar aquelas porcarias que os pobres comem!” … grande Quiño!
Via de regra, os envolvidos, de quem banca a quem compra, no fundo querem inconscientemente pompa e circunstância. É como funciona, mercado e empresas, é a inovação de palco, empreendedorismo de palco, Agile de palco, Design de palco, …
PÚBLICO E NO PRIVADO
Por exemplo, incrível ver “bens” e “espaços” obsoletos só porque serviram a um propósito efêmero, depois quase não tem mais utilidade. É como o estádio Mané Garrincha e tantos monumentos ao vazio, públicos e privados, pequenos, médios e grandes.
Não basta gerar resultado, é preciso chamar a atenção e deslumbrar, só assim as câmeras de vídeo e fotos se sentem atraídas. Análogo ao risco da Teoria da Agência, a motivação do protagonista (também) é ser lembrado, citado e visto, senão não vale a pena.
CONCLUSÃO
Quanto maior a pompa e o desperdício, maior a visibilidade e repercussão, logo, todos ficam felizes … afinal, ninguém vai querer discutir pareto, causa x efeito, lean thinking, em meio a tantos elogios, rasgação de ceda, rede e mídia.
Na maior parte dos casos as pessoas acham que porque o dinheiro não sai do seu bolso, não tem problema, afinal, conseguiram um patrocinador, é do governo, um parceiro, … Mas o fato é que desperdício é desperdício, independente da rubrica, deveria ser mais sustentável.