Agile Brasil – 1º Dia

Um ano depois, eis que retornamos ao Agile Brasil (2012), desta vez com nada menos que oito profissionais da RBS e aqui começam meus relatos e peripécias em meio a esta Gauchada em terras paulistanas.

As boas vindas foram dadas pelo Dairton Bassi, que contabilizou em torno de 900 pessoas no evento, 38 patrocinadores, 121 apresentações, 302 empresas. Com orgulho, novamente vimos nomes importantes da agilidade do Sul na organização, como o Daniel Wildt, Paulo Caroli e Rafael Prikladnicki.

KeyNote 1ª Dia – Mr Neal Ford / TW

TW na veia, espetacular, o Neal Ford reteve por 90 minutos uma platéia de umas 700 pessoas em sua palestra de abertura, impagável, marcou para mim tanto quanto o Joshua Kerievski no ano passado … clique aqui para ler mais sobre Neal no site do Agile Brasil 2012.

O título tratava do tema Abstraction Distractions(clique aqui para assistir uma palestra equivalente dele na Vímeo.com) – Segundo Neal Ford, a ciência da computação é construída sobre uma infinidade de abstrações e que estamos distraídos com tantas coisas que não percebemos. Assistam o vídeo, vale a pena.

FATO – Uma vez internalizada uma abstração, nos desfazermos dela exigirá um grande esforço, citou várias vezes de formas muito inteligentes abstrações clássicas como sistemas de arquivos usando pastas e muito mais. Para terem uma idéia, ele navegou entre abstrações, experiências de vida, conveniências da TI impostas aos usuários, continuous integration, deployment e delivery, …

Abordou o que chamou de Dietzler’s law, sobre o paradoxo de soluções que abstraem e facilitam a construção de uma solução, agilizando resultados iniciais, mas podem tornar o projeto inviável na reta final, quando exigir especialização ou flexibilidade do framework inicialmente abençoado. Referenciou o MAVEN como exemplo e que se ele ajuda nos primeiros 80%, dificulta nos 10% seguintes e inviabiliza nos últimos 10%.

Tem uma coisa que ele não falou hoje, mas que em palestras anteriores ele citou que é muito legal, de que temos 2 usuários, aquele que se beneficia do produto (nosso usual usuário) e aquele usuário oculto, que são os próximos profissionais que irão dar continuidade e manutenção futura no software que construímos … com este usuário oculto não nos preocupamos muito, coitado dele né ?

Palestra selecionada – 11:00 AM – Rodrigo Yoshima

Assisti o Rodrigo Yoshima sobre Kanban Avançado – Além de Visualizações e Limites – O Rodrigo é uma das referências nacionais em métodos ágeis (vídeo do Rodrigo sobre Kanban para tira-gosto). Foi colunista da Revista Mundo Java entre 2006 e 2010 e é um dos primeiros ScrumMaster atuantes no Brasil. Pioneiro no uso de Sistemas Kanban e Lean IT para melhoria contínua em grandes empresas. Em 2011 criou o FlowKaizen, a primeira ferramenta Kanban inovadora de segunda geração. Atua como Arquiteto de Software, Instrutor/Coach em práticas ágeis e Consultor de Processos na Aspercom.

Ele usou uma analogia no mínimo curiosa : “Se não funciona com sua esposa, não tente com sua equipe!” – gritar e pressionar, rigidez demais no processo, mudanças instantâneas, sem tempo para adaptação e crescimento, …

A terceira imagem acima diferencia a “revolução kaikaku”, que prega a implantação de uma mudança visando adaptação do modelo atual para o desejado, enquanto a “evolução kaizen” defende uma mudança gradual e positiva, gerando pequenos momentos de adaptação e rápida evolução.

. Kanban básico – valor, fluxo, pull, visualizações e wip
. Kanban avançado – transição, kaizen, system thinking, métricas, variabilidade, políticas explícitas e perfis de risco

Ele diferenciou o kanban system e o Kanban Method (kaizen, transição e gestão). Citou os princípios, que é partir do método atual, evoluindo aos poucos, sempre, respeitando papéis, responsabilidades e cargos. Também citou as propriedades, que são vizualizar, limites, fluxo gerenciado, políticas, feedback e colaboração.

Falou bastante sobre métricas como throughput, lead time e wip e como eles irão orientar estimativas de entrega a partir de histórico de velocidade da equipe, insistiu que no Kanban a equipe não faz estimativas como no Scrum e que tentar assertividade em estimativas para sistemas complexos seria inútil.

Classificou as empresas em 4 padrões – Fábricas de bugs, Fábricas de SW inúteis, Empresas de RH e finalmente aquelas que entregam valor.

Lightning Talk – Daily Tracking – Jorge Audy – Grupo RBS

Minha lightning talk teve um bom feedback, o tempo foi certinho, foi uma antes do Daniel Wildt e antes do Rodolfo Guidi. Falei sobre o uso de uma ferramenta que apoia a gestão de tempo individual da equipe, artefato que usamos em diferentes formas já a algum tempo. Seu uso pode ser temporário ou não, mas o objetivo é ter-se o controle de quantas horas esta-se alocando em diferentes US a cada dia, administrativo, reuniões, etc … Clique aqui para ver o Prezi.

O Parzianello, durante a janta, estava me falando de um placar individual de controle de tempo, pessoal, na mesma linha da daily tracking individual que a galera do PENSE havia optado em usar … o importante é não cometer o mesmo erro inicial que nós, que começamos centralizando o preenchimento durante a daily, este é um artefato que deve ser preenchido pelo próprio time a qualquer momento, pois é para ser útil a cada um, para auto-conhecimento.

Algumas pessoas vieram falar comigo, para trocar cartões ou para trocar idéias, pois acharam que o artefato seria muito bem recebido pelas suas equipes … fiquei muito contente com o resultado, mas eu estava muito nervoso, nem sei porque, já falei para platéias maiores que a de hoje … deve ser a mística do Agile Brasil, é como camiseta de time grande, tem peso.

Lightning Talk – TaskBoard 3.0 – Rodolfo Guidi – OnCast

Excelente palestra de um rapaz da área de vendas da OnCast que mostrou um quadro de status que envolvia vendas e todas as áreas de NÃO-TI, com colunas para produtos, prospects, clientes, pós-venmdas, Mkt, Eventos, HR, Atividades comerciais, jurídico, … com áreas específicas no quadro para priorização, daily, impedimentos, WIP,  … http://www.slideshare.net/RodolfoGuidi

Palestra selecionada – 11:00 AM – Paulo Caroli

Iniciando junto com a palestra do Rodrigo, em outra trilha, teremos o Grande Paulo Caroli apresentando Kit de atividades para retrospectivas, na qual tivemos o colega Marlon Bifano acompanhando. Visite o blog dele sobre este tema em agileretroactivities.blogspot.com

Curiosidade – Achei e vale a pena ver o vídeo em que ele apresenta quem é a TW, que mostra muito do mito por tras da empresa, do porque Martin Fowler, Neal Ford e … Paulo Caroli lá estão e são referência em agilidade … no youtube. e uma entrevista (com tradução) do Martin e Caroli para a InfoQ.

Não posso deixar de citar os meus posts sobre o tema, pois tenho mesma leitura sobre restrospectiva ser uma grande oportunidade, mas para ser eficaz deve ser planejada com permanente inovação e oportunismo, sugestões e programas. Eu vinha evitando postar sobre este tema, pois é um assunto para Scrum Masters e um integrante de equipe perde se entender os porques antecipadamente.

Mãos na massa – Eduardo Meira Peres e o Alfabeto perdido

Impossível expressar em palavras o orgulho e privilégio em termos sido convidados pelo Peres da DBServer para sermos monitores em seu Game. Dada a missão, convidei os colegas Marlon Bifano e Cintia Lima para também participarem e assim tivemos um facilitador por cada mesa com 5 a 7 participantes. – Dinâmica para o planejamento de releases ágeis:o alfabeto perdido de Macondo.

O Game é excelente, eu e o Marlon já tinhamos participado durante o Ágiles 2011 em Buenos Ayres e treinamos novamente na sexta-feira passada, para entrar nos detalhes e podermos facilitar da melhor forma a galera. É um jogo que trabalha muito bem negociação com o cliente, planejamento, iterações, imprevistos, dívida técnica e defeitos, estratégia e valor.

Ao final, o André Piegas da DBServer que era o quinto facilitador, já com várias edições ministradas, fez uma explanação diferenciando dívida técnica e defeitos muito legal, onde dívida técnica é uma situação conhecida e assumida de uma deficiencia, limitação, solução paliativa, que via de regra é discutida e esclarecida … enquanto, defeitos são erros, são bugs, que devem ser corrigidos pois não permitem que a solução funcione conforme previsto.

Guia da Startup – Joaquim Torres – LocaWeb

A partir de sua experiência com StartUps, o Joaquim Torres escreveu um livro e postou tudo (todo o livro) no blog http://guiadastartup.com.br. O case utilizado é sua última StartUp, que ainda esta engatinhando, mas que teve este mes o seu primeiro resultado positivo desde seu lançamento – contacal.com.br

O livro foi editado por uma startup da CAELUM que entrou no mercado editorial de livros para desenvolvedores. Tem uma frase dele que eu adorei, ele não concorda com aquela imagem romantica de que uma StartUp é uma plantinha recem germinada e que procura crescer … pois esta imagem reporta a algo frágil que exige cuidados e proteção, ele prefere ver uma StartUp como um experimento (científico), que pode ou não dar certo.

Outra frase legal é que deixa-se de ser uma StartUp a partir do momento em que seu produto ou solução passa a se mostrar sustentável e rentável na prática. Explicou o conceito de StartUp, gazelas (crescimento rápido) e super-gazelas.

O exemplo de sua cabeça cheia de idéias é primoroso e instigante:
1. Ele relacionou uma dezena de idéias de produtos digitais inovadores
2. Usou o UnBounce para criar uma landing-page para cada um deles
3. As Landings não tinham sequer logotipo, apenas textos e campo para email
4. Incluiu cada uma das Landings no Google AdWords para divulgação
5. Monitorou e escolheu a de melhor aceitação
6. Escreveu o MVP do produto escolhido (http://www.contacal.com.br)
7. Usou o serviço http://www.wedologos.com.br/ para criar um logo
8. Usou o WordPress e ThemeForrest.com para iniciar a construção do site
9. Contratou uma startup para desenvolver o restante do site em Ruby on Rails.

Ele citou também o uso de serviços trial de um mês para monitoramento de tráfego e comportamento como o Optimizely e o Visual WebSiteOptimizer, posto que estes e outras oportunidades davam um mês de graça antes de iniciar a cobrar e era o tempo usado por ele para eliminar pressupostos e pivotar.

O resultado é que em algumas semanas ele já tinha eleito a melhor idéia através das Landings e AdWords, construiu o site, recolocou no AdWords, enviou uma newsletter aos que digitaram seu email como interessados na landing, crou uma fanpage no FaceBook … Eu achei este case um show prático de agilidade !!!

O cara é demais, falou muito, fez a gente pensar muito, falor das curvas de retorno usando meios pagos e gratuitos, como fóruns, comunidades, blogs e redes sociais. Fontes de receita no modelo B2B, B2C, indireto. Mas matou a pau em uma afirmação quase espantosa (para mim):

“Se voce não tem vergonha de sua primeia versão, é porque demorou demais para lançar” … falou e mostrou as páginas da 1ª versão de vários gigantes e realmente eram muuuuuuuito feios e pobrezinhos … mas hoje são unanimidade:

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