No início do século XX, a revolução industrial iniciada na Inglaterra espalhava-se pela Europa continental e EUA, ganhando força e avançando para novas e melhores tecnologias cada vez mais presentes nas indústrias e no dia-a-dia, deixando o passado baseado em mestres, artesões e ferramentas rudimentares para trás. Surgiam então máquinas, ferramentas e equipamentos cada vez melhores e mais produtivos, além da revolução da energia a vapor.
Em uma época ainda dominada pelo trabalho braçal e máquinas-ferramenta já começou-se a refletir sobre o uso adequado da tecnologia e o valor gerado por ela através do uso consciente e adequado pelas pessoas que as operam.
A partir da Teoria Sócio-Técnica passou-se a distinguir a existência de um sub-sistema social e outro sub-sistema técnico. Assim como na Structuration Theory (Teoria da Estruturação), não apenas é preciso entender a tecnologia, mas ainda mais a aceitação, entendimento e bom uso de sua implementação pelas pessoas, para que possamos gerar riqueza de fato.
Na Teoria Sócio-Técnica o sub-sistema técnico é composto por toda a estrutura tecnológica necessária ao processo produtivo e organizacional, enquanto o sub-sistema social são as pessoas e o apoio social existente para que o trabalho seja realizado. Apoio social pode ser entendido como as relações humanas necessárias e/ou existentes para que o trabalho seja feito com bons resultados.
Os autores Antônio L Soares, João J Ferreira e José M Mendonça do INESC, Universidade do Porto apresentaram o diagrama abaixo para um contexto fabril:
O sucesso organizacional esta baseado em aprendizados oriundos da primeira metade do século XX, o melhor trabalho e os melhores resultados advém do equilíbrio e interação melhor entre estes dois sub-sistemas. O estudo e desenvolvimento não só de um destes sub-sistemas, como do outro e da inter-relação entre ambos é a chave da eficácia organizacional.
Quer à luz da Teoria da Estruturação ou Sócio-Técnica, o sub-sistema técnico depende do sub-sistema social, um perde o sentido sem o outro. Assim como no manifesto e nos princípios ágeis, a interação humana e satisfação no trabalho não é um fim, é um meio para melhores resultados organizacionais. Um sub-sistema social desenvolvido, profissionais satisfeitos, que percebem seu próprio crescimento, tende a potencializar o sub-sistema técnico e seus resultados.
Nos métodos ágeis, o segredo não está em fazer plannings, dailys, reviews, retrospectivas e ter quadros cheios de postits … o segredo está nas pessoas, no entendimento, na colaboração e sustentabilidade, na satisfação do cliente ao mesmo tempo da satisfação do time, que fará mais se sentir-se realmente parte importante e ativa do processo e não mero executor.
Eu não conhecia estas teorias (Estruturação ou Sócio-Técnica). Elas realmente fazem sentido, pela consideração ao lado humano, parte vital dos processos, mesmo os estritamente técnicos.
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