Muitas vezes nossas posições e dúvidas são apenas uma camuflagem para nossa zona de conforto, falamos em mudança e insatisfação ao mesmo tempo que procrastinamos qualquer ação real para fazer acontecer. Por muito tempo eu atribui isto ao medo da mudança, mas na maior parte das vezes acho que é apenas acomodação.
Algumas pessoas são conscientes de certas prioridades e necessidades para que seus planos ou sonhos fiquem mais próximos, mas o medo de errar, de falhar, ter que se posicionar, faz com que muitos ignorem sonhos, procrastinem, consciente ou inconscientemente deixam recorrentemente para “amanhã”.
Alguns assumem uma ignorância induzida como camuflagem, fazem de conta que não veem ou sabem o que fazer. Quando alguém tenta ajudar, agradecem a ajuda, sugestões, dicas, mas é tudo o que não querem, porque dicas o colocam na estrada e o que eles querem mesmo é poder se resignar, fazer de conta e nada fazer.
Os efeitos da procrastinação serão ainda mais penosos quando não temos a benção da ignorância, pois quando conscientes das consequências, o ato de procrastinar toma outra dimensão em nossas vidas. Por mais que possamos culpar os outros, transferir ou negar, sabemos que nós mesmos deveríamos ter feito algo.
Procrastinação – adiamento, ato recorrente de negligenciar algo; quando um trabalho não recebe a devida atenção, sendo deixado de lado para produção de outros menos importantes.
Camuflagem – A camuflagem é um conjunto de técnicas e métodos que permitem a um organismo permanecer indistinto do ambiente que o cerca, desapercebido, sem chamar a atenção.
Quantos profissionais estão insatisfeitos com o que fazem? Não gostam de onde estão, as condições em que trabalham, tecnologia, salário, parceiros? Querem mudar algo, mas procrastinam diariamente? Desconversam, cavam trincheiras, zonas de conforto, rabugentos, sempre arautos do que os outros deveriam fazer.
Muitos preferem não ter planos, não ter sonhos, preferem se convencer de que é o destino ou simplesmente não pensam em nada disso, preenchem todo o seu tempo com novela, futebol, séries, brigas, corrida, filhos, saturam até não sobrar tempo para mais nada, sem refletir, sonhar, definir novas metas, afinal não sobra tempo.
Eu “quero”, mas não sei o que fazer
A alguns dias atrás eu fiz uma brincadeira e fiquei rindo sozinho enquanto a repetia várias vezes. A pessoa com quem estava me dissera que minha camiseta estava com um furo na manga: Eu coloquei o dedo no furo e disse: “Não sei o que fazer”, ela disse que era fácil costurar e eu repeti “Não sei bem o que fazer”. Ela achou estranho e me disse que é fácil costurar, talvez na recepção houvesse agulha e linha ou que deixasse para fazer isso a noite … mas propositalmente eu repetia: “Não sabia o que fazer” … rsrsrsrsrsrsrs
Algumas pessoas são assim, sabem o que fazer, sabem quais as opções, mas apesar de ameaçar, não fazem nada, talvez porque não queiram tomar decisões difíceis, talvez não queiram correr riscos, é muito mais fácil deixar o tempo passar. Quem sabe algo aconteça, talvez a mudança venha sem ter que decidir, só precisará seguir a maré e … se algo der errado terão quem culpar, nem que seja o destino.
Em meus treinamentos eu advirto que se alguém é o único a perceber um risco ou problema, ele é o maior responsável pela solução, posto que os outros neste caso são ignorantes. Se isso impede que as coisas deem certo, de nada adianta avisar ou culpar, precisamos agir, nos mobilizar, buscar alternativas, propôr alternativas e assumir nosso protagonismo como agentes de mudanças.
A melhor estratégia: Parceiros de viagem
Assim como em um regime, na academia, em uma formação, a melhor estratégia é termos parceiros de viagem, quer por semelhança nos objetivos, por amizade ou oportunismo acabam por nos incentivar a ir persistir e além. É bem mais fácil quando conversamos com alguém sobre nossos sonhos, riscos e oportunidades.
Alguns optam por um círculo íntimo de amigos com sonhos semelhantes, lembro que na época de faculdade e nos anos seguintes meus melhores amigos e parceiros eram da minha área, todos analistas de sistemas. Depois disso, ao natural, a participação em grupos de usuário e comunidades de prática acabaram me aproximando de pessoas tão inquietas quanto eu … que vem e vão a cada ano.
A arte de correr atrás de seus sonhos é não esquecer deles, mantê-los vivos, evoluindo sem perder suas essências, evitando conformar-se e acomodar-se. Com a estratégia que for, importante é manter-se aprendendo, se valorizando, certo de que estamos melhores que há alguns meses atras e continuaremos crescendo. Por isso parceiros, porque juntos somos mais, tudo se acelera.