Estava retornando a alguns textos sobre gestão por competências e competências essenciais (core competencies) e me deparei com um conceito muito interessante – The Fortune at the Bottom of the Pyramid – publicado na mesma época, também envolvendo o autor C.K.Prahalad.
Prahalad defende o valor social e econômico no atendimento à grande base da pirâmide mundial. Por exemplo, entre os BRICS havia na virada do século alguns mercados internos pouco explorado com bilhões de pessoas … bilhões. Este quadro já mudou, muitas empresas perceberam este cenário e dedicaram-se a atender este mercado.
Guardando as proporções, comparo os grandes super-mercados, distantes da periferia, que é atendida localmente por mercadinhos que vendem a prazo com valores e porções acessíveis, fatos que acontecem com recorrência diária … o famoso “anota aí no caderninho”. Prahalad percebeu que em uma relação ganha-ganha, o grande volume potencial deste justifica pequenas margens.

Uma década depois, os empreendedores que focaram nestes mercados da base da pirâmide gerariam bilhões de dólares, muitos deles pouco conhecidos, há milionários em produtos e serviços direcionados a base menos afortunada, com menor posse, mas mesmo assim consumidora. Apesar de ter menor poder aquisitivo, existe consciência de marca e empenho em aquisição de bens e serviços.
EMPREENDEDORISMO SOCIAL
O foco dele fica no empreendedorismo social, um mercado de enorme potencial e menos rarefeito e competitivo que o topo da pirâmide. Em nenhum momento, entra em questões de benemerência, é sobre negócios com uma estratégia que pode empoderar e transformar bilhões de pessoas em consumidores. Mais, esse mercado exige estratégia, dedicação, gera retorno social e econômico.
Fornecer à pessoas pobres não representa exploração, mas um modelo de negócio que agregue valor, atenda suas necessidades e tenha uma política com margens menores, mas ao contrário do topo rarefeito, na base temos um público com uma dezena de zeros a mais. Defende que apesar de ter menor poder aquisitivo, existe consciência de marca e empenho em aquisição de bens e serviços.
CO-CRIAÇÃO
Prahalad foi co-fundador e CEO da Praja Inc, empresa com objetivo de fornecer acesso irrestrito às informações para a base da pirâmide, adicionalmente, gerar uma base de conhecimento significativa para validação de ideias e estratégias relacionadas a este público consumidor. Ele se baseava em co-criação, uma relação bi-lateral, não centrada na empresa e produto, mas nos consumidores.
Quanto a co-criação, exige três mudanças de pensamento. O primeiro é aceitar a centralidade do consumidor individual como a unidade crítica de análise, o segundo é a interdependência das instituições, parceiros gerando ganhos em escala horizontal ou vertical, o terceiro é envolver o consumidor na criação e desenvolvimento do produto e de seu consumo.
RECONHECIMENTO
Ele foi professor na Universidade de Michigan, com doutorado e publicações pela Harvard Business School, possui publicações em grandes journals de negócios, tornou-se um grande influenciador, recebendo prêmios nacionais (Índia) e internacionais, entre eles como um dos maiores pensadores e influenciadores de seu tempo segundo a lista da Thinkers50.com.
https://hbswk.hbs.edu/archive/the-fortune-at-the-bottom-of-the-pyramid
Prahalad, CK “The Role of Core Competencies in the Corporation,” Research-Technology Management , Vol. 36, No. 6, Novembro-Dezembro, 1993, pp. 40-47.
Prahalad, CK; Hart, Stuart L. (2002). “A fortuna na base da pirâmide”. Estratégia e Negócios, Booz Allen Hamilton Inc.
Outros autores propõe mover-se ainda mais para o limite da borda, como em:
https://nextbillion.net/new-paper-fortune-at-the-bottom-of-the-pyramid-an-alternate-pers e https://nextbillion.net/where-is-the-fortune-at-the-bottom-of-the-pyramid