Indústria 1, 2, 3, 4 … Será?

Após 250 anos, um novo paradigma para analisar as fases da revolução industrial tem que ir além da tecnologia e passar a relacionar também o viés humano e de resultados. Hoje é possível acoplar o período histórico a tecnologia disponível em sua época, isto é óbvio e redundante até em uma aula de história.

Um novo paradigma para definir indústria deveria ter a tecnologia, relação com clientes, colaboradores, parceiros, fornecedores. Assim, estabelecer um modelo de maturidade industrial, que em 2021 ao invés de identificar se usa sensores cibernéticos, poderia perceber seu potencial por uma somas de fatores muito mais relevantes.

“Pode escolher qualquer cor, desde que seja preta!”, frase famosa atribuída a Ford, que poderia ser parafraseada para a Kodak, Blockbuster ou Blackberry. Não importa se usavam vapor, eletricidade, computadores ou sensores, eram empresas atualizadas na tecnologia de sua indústria, mas anos luz em Lean Startup, Design Thinking, Agile e Growth Hacking.

O viés de tecnologia é tão falso quanto dizer que uma empresa é ágil porque pratica Scrum, Kanban ou XP. É preciso um viés holístico, que envolve sim tecnologia, mas também se segue Lean Startup enquanto mindset, design thinking enquanto empatia e time-to-market, finalmente growth hacking para exponencializar.

Indústria 1, 2, 3 e 4

Ao olhar para as ditas fases da indústria, é preciso não olhar para séculos e tecnologia, mas para comportamento humano que desencadeia o porque e como a tecnologia é usada. Usar sensores, IoT, data science, não é o que define a indústria 4.0, mas para que estas tecnologias são usadas – customer experience e employee experience por exemplo.

É mais relevante explicitar fases combinando comportamento e experiência com tecnologia e metodologias, como as empresas se relacionavam interna e externamente, características de seu RH, relação com mercado e clientes, vendas, pós-vendas. Além de ser uma aula de história, demonstraria afinidade da organização com sua era, pessoas e mercado.

Uma curiosidade neste quesito: O Lean Manufacturing deveria ter sido uma fase – auto-organização, qualidade total, evitar desperdícios, autonomação, poka yoke, jidoka, heijunka, gemba, … Merecia pelo menos ser a fase 2,5 posto que ela influencia e inspira toda a indústria até hoje, técnicas, métodos, boas práticas.

Da mesma forma, mesmo em uma era de inovação disruptiva, apenas ver a 4.0 como IoT e aspectos cibernéticos é valorizar aspectos operacionais, o como, não o porque ou o para quem. Além do modelo de combinação, além do customer e employee experience, também customer success, jobs to be done, RH ágil, Modern Agile, …

Alegoria – Gerações

Situação análoga a quebra de paradigma em relação a gerações – Baby Boomer, X, Y (Millenial), Z. As gerações perderam completamente sua utilidade. Deixa de fazer sentido linkar anos e décadas com comportamento, o que nos define não é o ano, mas a experiência social e digital, conexão, interação, tem a ver com atitude, não com data de nascimento. Eu nasci em 1963, mas isso absolutamente não me define, pois naturalmente tento me adaptar ao tempo que vivo, posicionamento nas redes, conexões, pegada digital, atualidade de conhecimentos.

Alegoria – Agile

Por muito tempo a comunidade ágil focou em equipes, métodos e entregáveis, passaram-se 30 anos até que realmente diferentes métodos e abordagens fossem sintetizados, de forma que hoje a transformação acontece de forma holística, business agility, lean startup, design thinking, lean UX, agile e growth hacking. No meio do caminho, os três horizontes da McKinsey, customer development do Lean Startup, Modelo Cynefin do Snowden e Effectuation da profª Saras Sarasvathy, GoToMarket, Marketing digital e AARRR, …

Conclusão

Acho que é preciso aprender com a trajetória recente de diferentes frameworks onde aos poucos passamos a ter visões mais amplas, sincréticas, combinatórias. Ao falarmos de indústria 4 ou no futuro 5, é preciso sair da superfície tecnológica e agregar visões e pontos de contato multilaterais, humanos, conexões, relacionamento, experiência.

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