A alegoria de usar um canhão para matar um mosquito é o que muitas iniciativas fazem, frente a um sistema simples ou mesmo complicado, dedicam se-ma-nas e dezenas de pessoas pesquisando e ideando o óbvio. Mesmo com pompa e circunstância, é esforçar-se em provar que a maior distância entre dois pontos pode ser um desperdício glamouroso.
É só uma questão de escala, entre o waterfall clássico em projetos com longos meses faseados ou dinâmicas envolvendo dezenas de pessoas durante vários dias de debate para ao fim chegar milimetricamente no mesmo lugar, não por não ter opções (as vezes nem tem mesmo), mas porque é um sistema simples (cinefin) ou sistema de registro (Gartner).
Não estou falando de métodos ou frameworks, acredito em toolboxes, curto a abordagem do Scott Ambler, Gartner na combinação e Dell no Pivotal, ter opções e fazer combinações é bom, e elas existem em profusão. Ter os sprints do Scrum, a matemática do Kanban, o bom código do XP, a fluidez do Lean, ter todos ou apenas seguir a profª Saras em Effetuaction.
CYNEFIN (SNOWDEN)
Um dos modelos que mais uso como ilustração de resposta proporcional a cada desafio é o modelo Cynefin do Snowden, uma abordagem que nos faz refletir se o método, técnica ou boa prática selecionados é compatível com o desafio … simples, complicado, complexo e caótico.
O ônus (desperdício) não é só tempo, alocação, recursos, esforço, o que seja, mas o conjunto de tudo isso, algo que em estimativas ágeis chamamos de complexidade, como em T-Shirt pequeno, médio ou grande. Só há uma forma de saber, é tentando, experimentando, talvez errando.
PACE LAYERED (GARTNER)
Assim como Snowden, o Gartner possui uma abordagem que chama de Pace Layered, que se encarrega de provocar a reflexão de resposta proporcional a cada desafio. Se a TI Bi-Modal teve seu momento, o teve porque estava lastreado na Pace Layered – sistemas de registro, diferenciação e inovação, cada qual exigindo uma ação correspondente ao contexto.
Se a TI Bi-Modal saiu de cena por que o modelo final talvez passou a ser mal compreendido e criticado por ser binário demais, mesmo assim fazia pensar sobre soluções proporcionais ao desafio, entre as diferentes camadas da Pace Layered. Em 2017 eu já questionava se esta era uma fragilidade ou um gap proposital do Gartner para não entregar o ouro fácil.
COMBINAÇÃO (GARTNER)
Vejam que o Gartner em sua disseminação do modelo de combinação, em nenhum momento afirma que todos os frameworks deveriam ou não ser usado, mas apenas chama a atenção para a sinergia que entre eles é gerada se utilizados de maneira apropriada. Entretanto, o mercado é ávido por receitas de bolo, logo um novo waterfall se formou.
Em resposta a esta visão, propus posts discutindo valor e o modelo Startup Quest ou o tema Startup Thinking, de forma que não tenhamos waterfalls e etapas, mas ciclos de construção anárquicos, podendo eles serem pulados ou repetidos conforma necessidade.
DOK – DEPTH OF KNOWLEDGE (NORMAN WEBB)
A DOK e a teoria da carga cognitiva foram estudos que percebiam níveis de conhecimento frente ao esforço de assimilação de novas informações, incentivando o interesse e atividades úteis pelos participantes, otimizando o desempenho intelectual. Propostos por Norman Webb e John Sweller, a cada desafio, conforme sua complexidade, exige de nós menos ou mais.
Na mesma linha, me faz lembrar e refletir sobre Ausubel em sua aprendizagem significativa, posto que novos conhecimentos exigem novos esquemas mentais e se utilizam de subsunçores ou âncoras em conhecimentos anteriores. Se o conhecimento já existe, se o subsunçor é o objetivo, fica mais fácil apenas aplicá-lo.
