Lendo um post do Jackes Heck, percebi que não tinha nada sobre Sweller por aqui. A teoria da carga cognitiva foi projetada para facilitar a apresentação e assimilação de novas informações, incentivando o interesse e atividades dos participantes, otimizando a memória e desempenho intelectual – John Sweller, 1988 (Load during problem solving).
A Teoria da Carga Cognitiva se refere ao nível de utilização de recursos psicológicos como memórias, atenção, percepção, representação, raciocínio e criatividade para a resolução de problemas. A discussão em torno de um problema sobre o qual não temos experiência prévia é desgastante, enquanto a resolução de um problema para o qual propomos uma alegoria, analogia ou ESQUEMA mental envolve um mínimo de esforço cognitivo.
Um estudo e modelo que exige interpretação e assimilação, como tudo o mais, permitindo seu uso somado a outros tantos que em conjunto e sintonia gerarão melhores e maiores resultados. Como o ensino e aprendizado baseado em problemas ou o baseado em projetos, que somados a uma mitigação da carga cognitiva poderão acelerar as consequências almejadas.
O autor executou testes comparativos do esforço feito para resolver o mesmo desafio, uma instrução incluía exemplos, a outra incluía problemas para serem resolvidos e um terceiro incluía descobertas práticas guiadas. A exemplificação se mostrou a mais eficiente, exigindo menor esforço cognitivo, depois a resolução de problemas e enfim descobertas práticas.

Segundo Sweller, são variados os fatores associados à Carga Cognitiva, por isso nosso desafio é mitigar o possível, como a experiência com problemas semelhantes, acesso a um nível de abstração adequado, tempo necessário para resolução, estimulação perceptiva, suporte instrumental e número de atividades simultaneas. Os outros são idade, horas de sono, alimentação, transtornos, ansiedade, problemas físicos, inteligência, fadiga e apoio social.
As conclusões do estudo de John Sweller foram:
(1) Tanto a evidência experimental quanto a análise teórica sugerem que a solução convencional de problemas por meio da análise de meios-fins pode impor uma sobrecarga cognitiva;
(2) Os mecanismos necessários para a resolução de problemas e aquisição de esquemas podem ser bem distintos;
(3) O esforço cognitivo exigido pela solução convencional de problemas pode não auxiliar na aquisição do esquema;
(4) Uma vez que a aquisição de esquemas é possivelmente o componente mais importante da expertise em resolução de problemas, o desenvolvimento de expertise pode ser retardado por uma forte ênfase na solução de problemas;
(5) As teorias e práticas atuais freqüentemente assumem a resolução de problemas é um meio eficaz de aprendizagem e, conseqüentemente, pode exigir modificações.
Case: LEAN CANVAS e a mitigação da carga cognitiva (Link)
Um exemplo muito simbólico na minha opinião é o canvas que uso para modelagem de modelos inovadores de negócio, no Lean Canvas, Ash Maurya, no eixo central onde definimos nossa proposta de valor, também ilustramos com uma alegoria, aquilo que ele chama de “High Level Concept”, para facilitar e acelerar o entendimento e discussão.
Na verdade, Maurya propôs três sub-campos no eixo central, que geram um sentimento de domínio, que reduz o esforço da comunicação de algo provavelmente inovador, disruptivo. No campo “Problema” a esquerda temos o sub-campo “alternativa existente”, no centro temos proposta e “high level concept”, a direita em “cliente” temos “early adopters”.
Mesmo diante de um quadro que se propõe a apresentar um modelo de negócios disruptivo, altamente inovador, ele encontrou uma forma de incentivar o que Sweller chama de esquema mental ou o que Ausubel chamou de subsunçores, que nada mais é que ancorar algo novo a um conhecimento alegórico já dominado, facilitando a assimilação.

A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA de Ausubel (Link)
Covergente a alusão da aquisição de esquemas de Sweller, a seguir o que Ausubel chamou de subsunçores. Na teoria da Aprendizagem Significativa, para aprender algo é preciso que o aprendizado faça sentido, de forma que o aprendiz ancore cada nova informação a seus conhecimentos prévios, criando assim novos conhecimentos. Ele propõe que a aprendizagem significativa ocorre unindo o novo ao pré-existente (subsunçores), que atuam como âncoras entre o antigo e o novo.
Ausubel indicou o uso daquilo que chamou de organizadores prévios ou subsunçores para a ancoragem do novo, facilitando a nova aprendizagem. Esta abordagem pressupõe que é responsabilidade do professor oferecer recursos introdutórios que servirão de âncoras para novos conhecimentos, possibilitando o aprendizado significativo.
Sendo assim, é imperioso para o desejo de aprender do aluno que o professor ofereça e certifique-se que os seus alunos tenham os subsunçores necessários antes de iniciar o ensino do novo, esta seria a condição para o real aprendizado. A avaliação do aprendizado é também avaliação do ensino, Ausubel sugere a utilização de testes de compreensão usando recursos diferentes dos usados para o ensino, constatando de fato se ocorreu a aprendizagem significativa.
A APRENDIZAGEM EXPERIENCIAL de David Kolb (link)
O livro de David Kolb é antológico – “Aprendizagem Experiencial: Experiência como fonte de aprendizagem e desenvolvimento” de 1984 – Experiential_Learning_Experience_As_The_Source_Of_Learning_And_Development
O ensino ou compartilhamento experiencial, através de vivências, de práticas, exige antecipação e planejamento, de forma a fazê-lo de forma que a experiência proporcione uma construção acelerada do entendimento. Isto ocorre pela oferta de conhecimentos práticos que colaborarão com o objetivo final para assimilação de algo novo.
Tem muito a ver com os jogos ou dinâmicas que usamos para compartilhar novos conhecimentos, contando com desafios alegóricos como fundo de cena, construir uma cidade de papel ou digital, uma estrutura com espagueti, aviões de papel, reproduzindo situações experienciais que permitirão uma assimilação indireta, lúdica e acelerada.
A aprendizagem experiencial tem um ciclo de quatro atos – 1. Experimentação – Deve fazer parte de uma estratégia clara, utilizando-se de método, critérios e métricas. 2. Reflexão – A experimentação é a ignição, o resultado do lúdico são percepções ampliadas; 3. Conceitualização – É premissa que a experimentação fixe ou crie novos esquemas, padrões e projeções nos participantes; 4. Aplicação – Ao final, inicia-se a aplicação conforme conceitualizado, o ciclo inicial gera valor antes de reiniciar através de outras atividades, reiniciando novos ciclos de aprendizado e melhoria.
Excelente! Há uma grande confusão e até “comercialização” da proposta de protagonismo, como se os conhecimentos sistematizados e científicos não fossem necessários para a produção de soluções, bastando o “interesse e compreensão de cada um”. Mas também há inúmeros professores e professoras sem “modelos” de “ensinagem”.
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Podemos também acrescentar a este tema a Epistemologia Genética de Piaget na qual cada nova informação é incorporada a estrutura cognitivas existentes. Assimilação – Acomodação – Equilibração.
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