O pensamento em Camadas do Gartner é uma proposta para gestão racional dos aplicativos de software durante seu ciclo de vida em suporte aos requisitos de negócio da organização. Esta abordagem segmenta soluções comuns entre registro (1), diferenciadas (2) e novos processos de negócio inovadores (3).
No meu entender, é possível abstrair do modelo Pace Layered do Gartner um modelo mental para fazer as organizações pensarem melhor sobre suas abordagens em produtos. Estou propondo resgatar o conceito central e utilizá-lo de forma apropriada a um momento intenso de transformação digital.
Até onde sei, Pace Layered é anterior a TI Bi-Modal e serviu de substrato à mesma. Infelizmente, o modelo de camadas aparentemente sucumbiu junto a TI Bi-Modal, na medida que cumpriu seu papel e as organizações evoluíram, seguiram adiante na internalização de novos princípios, métodos e boas práticas.

Abordagem original em camadas do Gartner
Segundo a CIO-Wiki, o Pace Layered foi um conceito proposto pelo arquiteto Frank Duffy, desenvolvido por Stewart Brand no livro “How Buildings Learn: What Happens After They They Built” de 1994, adaptada à estratégia pelo Gartner para categorizar, selecionar e gerenciar soluções para gerar mais valor ao negócio.
Conceitualmente, esta estratégia de aplicações em camadas de negócios pode gerar respostas mais rápidas e adequadas a cada tipo de desafio. São três as camadas originalmente propostas, reconhecendo-se requisitos de governança diferentes, podendo ser conduzidos de forma semelhante:
- Sistemas de registro – aplicativos empacotados ou sistemas legados com processamento de transações centrais, gerenciando os dados mestres da organização. A taxa de mudança é baixa, com processos estabelecidos e comuns à maioria das organizações, frequentemente sujeitos a regulamentação;
- Sistemas de diferenciação – aplicativos que permitem processos exclusivos da empresa ou recursos específicos do setor. Eles têm um ciclo de vida médio e precisam ser reconfigurados com certa frequência para acomodar as mudanças práticas de negócios ou de requisitos do cliente;
- Sistemas de inovação – novos aplicativos desenvolvidos em uma base ad hoc para atender a novos requisitos ou oportunidades de negócios. Normalmente, são projetos de ciclo de vida curto, com tecnologias voltadas para o cliente.
Startup Quest – Uma forma de pensar
O pensamento de combinação – Design Thinking, Lean Startup, Agile Thinking e Growth Hacking – teve grande contribuição do Gartner em sua disseminação entre as grandes empresas. Entretanto, creio que falta algum filtro ou esclarecimento transversal para não ser seguida como uma receita de bolo.
Uma frase que escutei em 2012 é a que mais representa minha proposta de Startup Quest, um modelo mental para empresas de todo e qualquer porte: “Startup é uma empresa correndo contra o tempo para dar certo antes que o dinheiro acabe!” – Barbara, Engage, 2012
Em nenhum momento o modelo de combinação mostra ser um esquema waterfall, nem tampouco diz que é obrigatório passar por todas as estações. Nem sempre será preciso uma pesquisa etmográfica, nem sempre será preciso um MVP, nem exige fazer uma inception padrão …

Como dizia o Capitão Teague (Keith Richards) em Piratas do Caribe, a Lei dos Piratas é só um guia, não é para ser interpretada ao pé da letra! Minha provocação é ter o modelo de combinação como um guia, mas inspirando-se na Pace Layered para facilitar uma percepção de custo x benefício no seu instanciamento.
Há alguns dias facilitei uma oficina em que três projetos foram debatidos, priorizados e planejados em alto nível. Até onde tudo exige semanas de estudo, pesquisas, qual o limiar de uso de personas ou proto-personas, até onde temos a necessidade de investir em oficinas de 1, 3, 5, …
A luz da fusão destas abordagens, propus o modelo Startup Quest, que passa estas convicções em um rotor metodológico que gera uma espiral crescente de solução, onde é possível acelerar a subida (helicóptero) conforme características próprias da mesma ou reiniciar (paraquedas) conforme riscos e oportunidades.
Conclusão
Sou suspeito para falar, sou avesso a receitas de bolo, quer métodos, quer modelos, oficinas, técnicas, pois prefiro interpretá-los, entendê-los e adaptá-los a necessidade. Isso exige um pouco mais de antecipação, mas evita enormes desperdícios para descobrir o que já sabíamos.
Por isso, há alguns anos acrescentei o modelo de Effectuation da profª Saras à minha Toolbox, bem como em 2015 inclui o modelo Pace Layered do Gartner, que juntos ao modelo de combinação e outros tantos me oferecem bons argumentos e embasamentos em debates sobre transformações digitais.
Links adicionais do Gartner
- Compreendendo a estratégia de aplicativos em camadas PACE do Gartner Gartner
- Definição – O que é a estratégia de aplicação em camadas do ritmo do Gartner Gartner
- As três camadas de tipos de aplicativos Gartner