A Lei de Conway é de 1967, nela as organizações projetam e conduzem sistemas refletindo sua própria estrutura – “Qualquer organização que projeta um sistema ou solução, produzirá um projeto cuja estrutura é uma cópia da estrutura de comunicação da organização.“
Percebemos o tamanho dos desperdícios em projetos sendo inversamente proporcional a habilidade organizacional em obter a maior colaboração possível, comunicação ativa, positiva e definições construídas de forma colegiada à sinergia de múltiplas expertises.
A Lei de Conway (1) refletia a percepção de espelhamento das idiossincrasias organizacionais em suas soluções e em seus softwares – na prática, a qualidade, complexidade e desperdícios no desenvolvimento de um projeto refletia a realidade social e comunicação das organizações que o produzem.
Hipótese de espelhamento x Transformação digital
Pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology e Harvard Business School traduziram a Lei de Conway para a “Hipótese de Espelhamento” (2), onde “produto desenvolvido por uma organização fracamente acoplada é significativamente mais modular do que em uma organização fortemente acoplada”.
Transformação digital – Uma mudança de mentalidade que as empresas buscam com o objetivo de se tornarem mais inovadoras e empreendedoras. Fala mais sobre cultura e contexto do que sobre a tecnologia em si.
Muitas empresas acreditam realmente que a necessidade de realizar uma transformação digital diz respeito ao lançamento de aplicativos para celular, entretanto tem mais a ver com uma transformação cultural, mudança de mindset, mais pró-ativo, colaborativo, criativo, diminuição da distância de poder.
Miopia organizacional
É certo que quanto menor a integração, sinergia e colaboração em redes, maior a probabilidade da redução de desperdícios, retrabalho e miopia causada pela restrição de visão a um único protagonista. Empresas mais tradicionais, comando-controle, fortemente acopladas, tendem a gerar soluções espelhadas em si, míopes.
Quando falamos de transformação digital, de organizações exponenciais ou organizações responsivas, inevitavelmente nos vem a mente empresas inovadoras em seus segmentos. Ao mesmo tempo, evitamos imaginar aspectos mais formais, thinkers x doers, estruturas funcionais e protagonismo individual.
Da mesma forma, uma empresa pouco inclusiva, tolerante a intolerância, que não proporciona ambientes diversos e integrados, tende a gerar soluções míopes a realidade do grande público. O modelo de combinação mitiga o efeito da Lei, pode até mesmo contorná-la, mas não a resolve.
Líderes em inovação
Exatamente pelo exposto acima, partindo da Lei de Conway dos anos 60 do século XX, é que grandes organizações vem investindo em transformação digital, onde a tecnologia, produtos e serviços são a consequência de uma mudança de mindset, a quebra de um paradigma e estrutura seculares.
Times ágeis, multidisciplinares, auto-organizados, preconizados pelo modelo em hipertexto dos anos 80 de Takeushi e Nonaka. Uma liderança ágil, alinhadas a proposta do management 3.0 do Jurgen Apelo, empoderando times a pró-atividade colaborativa, vertical e horizontal.
A medida que redes são formadas, a comunicação se estabelece de forma fluida e auto-organizada, não ditada preditivamente, mas conforme a necessidade. Algo preconizado cada vez por mais modelo organizacionais e ágeis, Kotter na Dual, Flight Levels no Kanban, no modelo Spotify com suas squads e tribos, …
Quer transformar a empresa? Comece transformando as pessoas e a si mesmo!
Links úteis
(1) Artigo seminal pelo autor – How Do Committees Invent?
(2) HBS – The Mirroring Hypothesis: Theory, Evidence, and Exceptions
