Temos que entender e ir além na Teoria da Agência

A Teoria da agência surgiu em 1972 como uma teoria econômica por Alchian e Demsetz, ela teoriza sobre a necessidade de os proprietários contratarem agentes, os executivos que lhes representam para a execução da estratégia junto aos diferentes níveis da organização, visando garantir seu propósito, metas, tática e coordenação cfe visão.

Na revolução industrial, criou-se a figura dos grandes proprietários dos meios de produção, grandes organizações que a luz das novas teorias da administração formaram uma cadeia de decisão, com conselhos, diretores, gerentes, coordenadores, modelos que até hoje guardam gargalos que tem que ser desfeitos para darem o próximo passo.

Não era mais possível ao proprietário acompanhar a execução da estratégia, menos ainda dos desdobramentos táticos, contratando para isto seus agentes (diretores), que contratavam e delegavam a seus gerentes, que selecionavam seus coordenadores para manter a produção sob controle, uma linha confiável de fluxo decisório desde o topo.

Jensen e Meckling reiteraram seus estudos em 1976, pois era uma necessidade que implicitamente gerava oportunidades e riscos, alertando para a possibilidade de o agente ter conflito de interesses com o principal, podendo um ser mais ortodoxo ou ousado que o outro, conflitando definição e execução da estratégia de curto, médio e longo prazo.

Um ponto que chama a atenção quanto a seu realismo é o alerta de que há uma postura mais flexível e empreendedora no capital, que pode mudar de acordo com os resultados ou fatores externos, enquanto o agente tem restrições quanto a riscos que prejudiquem sua carreira, logo, trabalhará para garanti-la em curso ascendente, mesmo que em detrimento daquilo que seria o melhor a médio ou longo prazo para a organização.

Minha interpretação e desdobramentos

Na prática, conhecer a Teoria da Agência é um fundamento teórico que apreende uma oportunidade para potencializar a adoção real de business agility. É preciso gerar mecanismos colaborativos onde os envolvidos a cada passo possam questionar, sugerir e colaborar sua participação e expertise. A adoção ágil delega e dá visibilidade, gerando contrapontos, argumentos e oportunidades de mudar, tomar as melhores decisões.

organograma

Na minha visão e experiência, o “risco da teoria da agência” se desdobra em cascata para todos os níveis organizacionais, gerando silos e conveniências, tolerando decisões questionáveis. Este fato, gera os famosos silos organizacionais, geram competição entre profissionais que deveriam estar trabalhando em sintonia, o que inevitavelmente levanta blindagens e muros para uns se protegerem de outros.

Eis alguns exemplos e pontos de atenção para ilustrar alguns destes pontos, não tem a ver com métodos ágeis, posto que business agility transcendem todos eles ao envolver níveis de negócio, mercado, portfólio de produtos, muito além de equipes e projetos. Tem muito a ver com Porter, Argyris, Schneider, Kotter, HWang, … com visões sobre cultura organizacional, esferas de poder, zonas de conforto.

Excesso de poder: Você conhece projetos em que as decisões são tomadas por lideranças que estão mais preocupadas em mostrar trabalho, em fazer surpresas, inovar, assumindo prazos, riscos e pressupostos em nome da equipe e a revelia do melhor para a empresa e com total falta de equidade? Isto gera competição e a lei da selva, perde-se o foco no máximo valor resultante e privilegia-se os caminhos que gerem menor atrito.

Estatística mais que pessoas: A consolidação de esferas de poder e zonas de conforto geram um ambiente dissimulado, algumas pessoas se utilizam de artifícios básicos e eficientes para que a informação reportada acima seja aquela desejada e de seu interesse. Escutei uma frase a muito tempo atrás e a considero conclusiva quanto aos riscos de métricas e metas equivocadas, que nada dizem, mas geram bons factóides.

A estatística é uma ciência mágica, se eu comer um sanduíche e você não comer, estatisticamente cada um de nós comeu meio sanduíche … pura matemática!

sanduiche

Cultura workaholic – É a cultura e ode ao superherói e a liga da justiça, que valoriza os viciados em adrenalina, abrindo mão de valor e qualidade em prol de muita correria, bagunça, que geram a percepção de superação e mascaram um trabalho prévio mal feito e descuidado. Assim, incautos sempre acabam por valorizar a dedicação e superação de alguém que (na verdade) gerou o problema e depois a fez barulho com a solução.

Um gerente no início do século brincava que algumas empresas são hábeis em criar negócios moto-contínuados, onde eles próprios geravam a demanda e ofereciam a solução … ganhando dinheiro tanto em um quanto em outro. É como eu comprar um carro com problemas, que vive em manutenção e postar elogiando a garantia oferecida pela fábrica … se o carro fosse bom eu nem falaria da tal garantia …

Explorando ao máximo todos a partir da resposta inconsequente daqueles com mais ambição e que aceitam qualquer coisa para serem reconhecidos, incentivar conflitos e silos de forma que cada um tente superar ou mesmo anular o outro, falta absoluta de transparência, ritmo insustentável mascarados com benefícios pitorescos, como pagar a pizza, dar brindes ou oferecer diversão …

A premissa maior deveria ser equidade e ecossistema, é criar parcerias, aceitar a existência de um tanto de entropia e muita sinergia, com muita transparência e senso de pertença, pois todos puxando para o mesmo lado é o melhor para todos.

Quer conhecer um link fantástico sobre teorias usadas em estudos e pesquisas de gestão da informação e ciências sociais, da uma olhada – http://istheory.byu.edu

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