A Lógica do Cisne Negro – Nassim Taleb

Em diferentes culturas, através de mitos, fábulas e lendas, o cisne branco é um animal associado à beleza e pureza, enquanto um cisne negro se associa ao jocoso ou misterioso. Até o século XVII na Europa só existiriam cisnes brancos, até descobrirem que na Austrália haviam cisnes negros.

ARMADILHAS LÓGICAS

A regra e a exceção (ainda não ocorrida), o conhecido e o (real) desconhecido, a lógica do Cisne Negro é uma reflexão sobre a excepcionalidade imprevisível. Uma Teoria da Aleatoriedade onde sem perceber somente aquilo que é conhecido acaba por influenciar nossa tomada de decisão.

A armadilha é buscar antecipar ou prever eventos irracionais de forma racional e repetitiva. A aleatoriedade gera desafios sobre os quais não somos capazes de resolver por falta de desprendimento ou desapego de nossa racionalidade e realidade.

O que mais importa é o que realmente ainda não sabemos!

Segundo ele, o ser humano teme o que desconhece, por isso inconsciente ou conscientemente foca apenas naquilo que está aparente, visível ou já é conhecido. A lógica do cisne negro é assumir que é impossível antecipar-se ao excepcional, mesmo assim poder responder a eles.

NASSIM TALEB

Nassim Nicholas Taleb, americano com ascendência libanesa, estudou em um colégio francês em Beirute, Msc em Matemática pela Universidade de Paris e depois PhD em administração. Migrou para os Estados Unidos, foi trader na bolsa de Chicago, mundialmente famoso por seus estudos sobre improbabilidade e incertezas.

TERCETO DA OPACIDADE

Acontece três males quando entramos em contato com a história, quando nos baseamos apenas no conhecido,“Gostamos de histórias, gostamos de resumir e gostamos de simplificar, ou seja, de reduzir a dimensão das questões.” É isso que causa a falácia narrativa. A falácia narrativa é a falha em olhar para as coisas, eventos etc. – sem anexar uma causa ou explicação a isso.

1 – A ilusão da compreensão – Apesar de existir uma normalidade, a qualquer momento podem acontecer eventos completamente singulares e aleatorios;

2 – A distorção retrospectiva – É quando explicamos e racionalizamos um fato aleatório após o mesmo já ter acontecido, dando-lhe um certo ar de normalidade;

3 – A supervalorização da informação factual – É quando valorizamos tanto os fatos e conclusões que dispensamos análises mais profundas para entendê-los em sua origem.

ANÁLISES MULTIVARIADAS EM INVESTIMENTOS

Investidores se utilizam de cenários bases e dezenas de cenários alternativos considerando múltiplas variáveis, inclusive o imprevisível. Não há como evitar os cisnes negros, mas considerá-los em projeções financeiras através de múltiplas variáveis pode ajudar a estar sempre pronto.

A história não é previsível, mas ela evolui aos pulos, através de eventos aleatórios. Como o Tsunami ou as torres gêmeas, de nada adianta agora ficar fixado na próxima onda ou no próximo ataque, porque estes foram eventos excepcionais, foram Cisnes Negros.

Taleb conta a história do peru que é alimentado por 1000 dias. No dia 1.001, um dia antes do Dia de Ação de Graças, contrariando todo o histórico vivenciado, tudo muda. Em vez de uma boa refeição, o açougueiro corta sua cabeça.

GESTÃO DE RISCOS

Taleb cita como contra-exemplo um manual de gestão de risco como sendo um artefato 100% focado em eventos previsíveis e plausíveis, não levando em consideração aquilo que é realmente imprevisível, eventos aleatórios de baixa probabilidade e alto impacto.

Na prática, o livro apresenta como armadilha quando planejamos apenas o previsível, dando mais importância para o que conhecemos, ao invés de estarmos abertos também ao imprevisível. Tem a ver com uma gestão de riscos baseada em cenários prospectivos, pura futurologia.

Normalmente, criamos uma matriz de risco contendo fatos ou eventos possíveis e conhecidos, via de regra, sobre os quais já vivenciamos e fomos impactados no passado recente. Este é o mote, nosso cérebro é atraído pelo conhecido, mesmo camuflado de desconhecido.

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