Agile e a Curva do Esquecimento de Ebbinghaus

O que mudança, adoção de métodos ágeis, desaprender para aprender e a quebra de paradigmas muito enraizados tem a ver com timeboxes, auto-organização e a Curva do Esquecimento de Ebbinghaus?

Segundo Ebbinghaus, a repetição é um fator decisivo e essencial para uma maior retenção daquilo que aprendemos, a quantidade de informações que o cérebro humano retém decai significativamente com o passar do tempo. Entretanto, a repetição eleva este patamar a cada revisão, fixando cada vez maior parte do conteúdo, convertendo-o em conhecimento.

ebbinghausOlhe desta maneira, ao receber uma grande quantidade de informação, o cérebro demanda tempo e processamento para mapeá-la e retê-la, mas a medida que o tempo passa o conteúdo ainda não processado se perde. Pesquisas como as de Ebbinghaus mostraram que informações recebidas serão melhor convertidos e retidos se estas informações forem revisadas ​em diferentes períodos de tempo.

Esta teoria é utilizada por pesquisadores em estudos sobre educação e retenção de conhecimento, a ideia é criar ciclos de conteúdo em que cada qual é introduzido e parcialmente rememorado em tempos cada vez mais espaçados, garantindo máxima apropriação.

Curva Agile de Retenção e Apropriação

Tomo a liberdade de dar um nome para a curva de Ebbinghaus aplicada aos métodos ágeis, onde temos o compartilhamento e debate da visão, mapping das releases e sprints, planning, dailys, reviews e retrospectivas. É possível melhor entender que a repetição e revisão frequentes é um poderoso instrumento de apropriação e pertencimento.

Se fizermos acordos e combinações de grandes volumes de conhecimento e passarem semanas ou meses para realinharmos e repactuarmos entre TODOS, se um único papel é responsável em entender e perceber tudo sozinho, como é possível esperar que o time assuma senso de pertença além das tarefas atribuídas, não é previsível que ele tenha posse, mas que esqueça da maior parte.

Outro ponto relevante é que no Agile além de repetir e repactuar em diferentes lapsos de tempo frequentes, utilizamos três memórias: auditiva, visual e mecânica. Quando em uma dinâmica de business model canvas, mapping, planning ou kanban, discutimos e criamos artefatos de gestão visual que ficarão expostos e serão revisitados sob a responsabilidade de todo o grupo na manutenção e atualização dos mesmos com realismo e qualidade.

Métodos tradicionais e iterativo-incrementais tradicionais

O segredo dos métodos ágeis não está na iteração ou nos postits, o segredo está na participação e colaboração entre todos os envolvidos em ciclos diários e quinzenais, a curva de Ebbinghaus não é a explicação, mas é mais uma entre as tantas que já tomei a liberdade de propôr uma ilação.

Se você me acompanha, já deve ter lido sobre as mais diferentes teorias, desde a lei de Yerke-Dodson, Karasek, curva de Tuckman, Flow, Structuration Theory, Human Agency e muitas outras sobre as quais já postei aqui neste blog e no baguete. Se você tem alguma para indicar, diz aí, terei prazer em citar a fonte e publicar, juntos estaremos agregando valor a todos nós, ajudando a converter um vasto conhecimento acadêmico e científico, que insiste em ficar escondido dentro das faculdades e centros de pesquisa.

8 comentários

    1. Concordo em gênero, número e grau James … e a internet, blogs, microblogs, comunidades e grupos são um meio impagável para que isto aconteça de forma completamente descentralizada. Viva a internet!
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  1. Ótimo texto Audy! Falo muito dessa curva de esquecimento e sobre o profissional do futuro, que vai ter que esquecer cada vez mais rápido para aprender algo novo nessa mesma velocidade e teu texto expressa muito bem isso.

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    1. Alvin Tofler, Edgar Schein e Peter Druker, todos afirmaram algo em que seria necessário desaprender o antigo para poder aprender o novo, pois o mais difícil na mudança é mudarmos a nós mesmos, nossos hábitos e certezas.
      Obrigado pela parceria!
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    1. A revisão em sala de aula eu faço a cada início de aula com os tópicos mais relevantes, em GP, os diagramas de áreas e grupos de processo, realizo exercícios de fixação. Em desenvolvimento de software, trabalho com SCRUM e o próprio método se resolve, tens Release Plan, dailies, sprint review checando o andamento da estratégia e decisões, retrospectivas … o cilo é de duas semanas. Em kanban tenho equipes com ciclos semanais ou quinzenais, com dailies e retrospectivas. Em portfólios e dashboards acompanho os ciclos de desenvolvimento, sempre iterativo-incrementais. O coletivo ágil revê cada patamar a seu tempo em cada iteração … é base destes métodos.
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