Em 2019 fiz uma palestra no TEDxLaçador convidando as pessoas a se apropriarem de tudo o que de melhor a indústria e organizações desenvolveram em técnicas para auto-conhecimento, ideação, planejamento, inovação e empreendedorismo … Agora, o covid-19 impôs!
Com minha amiga e colega Tatiana Ximenes, temos conversado sobre ser imperativo sair do choque inicial da pandemia e iniciar um processo criativo sobre cenários e ações de curto, médio e longo prazo, tanto no aspecto profissional, familiar, equipes, empresas, para autônomos.
Importante visualizar o modelo de Elisabeth Kübler Ross sobre reação à tragédia, luto ou perda, isso pode nos ajudar a acelerar a recuperação, diminuindo a depressão do choque e inércia causado por uma crise singular como covid-19.
Proponho três passos – passado, presente e futuro – (1) relembrar onde estávamos e o que almejávamos, (2) onde estamos e possibilidades, (3) planos sobre como trabalhar para criar cenários alternativos, daí em diante é tentar, aprender, fazer de novo.
Psicologia positiva é uma coisa, negação é outra
1. A maioria dos planos e estratégias comprometidos, não importa se temos reservas, porque o mercado e o contexto que conhecíamos não existe mais, e temos que aceitar que uma nova normalidade vai demorar pelo menos um ano;
2. Pequenas empresas fechando, profissionais desempregados, vai piorar antes de melhorar, falta de dinheiro nas ruas, endividamento estatal, aumento da inflação. Por melhor que um ou outro esteja, a maioria é que definirá o padrão;
3. Isso não é pessimismo, é realismo, não é futuro, é presente, se acha que não, talvez viva em uma redoma de vidro, porque pessoas são demitidas, pequenas zeram seus quadros, grandes empresas nas mídias doando, mas apertando o cinto.
Os maiores aprendizados não são novos
Nos últimos 20 anos muitos não fizeram o dever de casa, estão ainda no século XX: Tem uma empresa e não usa a tecnologia; Não convertem clientes em networking; Estão empregados mas o foco é o salário e as férias; Alguns tocam um dia de cada vez, sem estratégia;
Muitos acham que Design Thinking é para privilegiados, Lean Startup é para jovens empreendedores, o uso profissional da internet e redes não é necessário, é difícil gerenciar networking, imagem e pegada digital. Está na hora de se reinventar, pedir ajuda se preciso;
Não sou a Maria Antonieta, sei que muitos não tem pão nem brioches, mas todos pode ter aliados, associações, instituições, grupos, ONG. A sociedade tem uma pirâmide e na base é mais difícil, mas quem tem acesso é indesculpável não tentar para si e disseminar, compartilhar.
Vamos lá, três passos: Passado, presente e futuro
É preciso desapegar e colocar antigas verdades e posições em cheque, temporária ou definitivamente, por isso partiremos de uma análise do passado, dupla avaliação do presente, racional e criativa, para então sermos ambidestros em relação a um futuro ainda não escrito.
1. PASSADO: AUTO-CONHECIMENTO
Resgatar informações essenciais de quem somos até aqui, estratégia, objetivos, mercado, produtos, serviços, pessoas. Um exercício de empatia consigo mesmo, um mapa de nossas expectativas, planos e fatos antes disso tudo começar. Um exercício que tem tudo para ajudar a relembrar e estabelecer a consciência de quem somos e do que somos capazes.Foco na construção de um mapa de rede contendo tudo de útil sobre nós mesmos, parceiros, fornecedores, clientes, negócios, mercados, aquilo que temos a nossa disposição ou acesso.
Identidade > Estratégia > Objetivos > Iniciativas >>> Mapa expandido de rede
2. PRESENTE: DESAPEGO
A partir do mapa criado sobre nós mesmos, entender nossa situação atual, impacto, estrutura, portfólio, SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) em categorias selecionadas, como mercado, ambiente, ferramental, processos, pessoas, talvez estoque, matéria-prima, o objetivo é listar toda e qualquer oportunidade, produtos, serviços, competências, o que temos a nossa disposição, sem filtros ou preconceitos. A ideação é o uso de técnicas de ideação e co-criação de possibilidades a partir dos mapas construídos até aqui.
Estrutura > Portfólio > SWOT expandido >>> Banco de ideias
3. FUTURO: PLANOS DE AÇÃO
A partir daqui o foco é materializar cenários prospectivos, entendê-los, como podem ser e o que podemos fazer em curto, médio e longo prazo, utilizando tudo que estiver ao nosso alcance ou que possa ser ativado, aquilo que está em nosso rede (1st, 2nd, 3rd), influência direta ou indireta, de forma que possamos montar planos, experimentar, aprender, seguir em frente. Com coragem para (re)criar, mudar, temporária ou permanentemente, mais que sobreviver à crise covid-19, reinventar-se pelo tempo necessário para seguir em frente.
Cenários > Oportunidades >>> Plano(s) iterativo-incremental
Só se aprende fazendo, mãos à obra!
Um exercício em três tempos que pode se circunscrever em algumas horas ou faseado em dias, pode ocupar uma folha ou um mural, tudo depende da amplitude e profundidade, do prazer e curtição em fazer este mapeamento, não fazê-lo por obrigação. Até mesmo porue fazer não é receita de solução, não há garantias, só garante maior auto-conhecimento, melhor compreensõ e a percepção de ideias para um plano de ação. Com sorte, gerará maior sinergia e cumplicidade entre os envolvidos.
Exemplo – PASSADO: AUTO-CONHECIMENTO – Quem somos, planos e pretensões, qual a área de atuação, fluxo de caixa, o que temos, o que somos. Mapear uma rede expandida de nós mesmos – o que pode ajudar, empresas atuais e anteriores, parceiros atuais e anteriores, talentos, negócios, hobbies, “amigos de amigos”. Já modelei vários para amigos e alunos, sempre há surpresas, informações antes escondidas em uma rede mal entendida. PRESENTE: DESAPEGO – Analisar a grana, entradas e saídas, para então debruçar-se no mapa de rede construído, gerando insights, questionamentos, oportunidades. Amplie, reflita, registre forças, fraquezas, oportunidades, ameaças, pois tudo o que fizemos e mapeamos até aqui serão insumos para novas opções, gere o máximo de insights. FUTURO: PLANEJAMENTO – Chegou a hora de desenhar cenários, com a soma de nosso banco de ideias e riscos. Os cenários trazem debates sobre causas e efeitos, impacto e probabilidade, custo x benefício. Para cada cenário ou ideia, cada reflexão, cada projeção, são insumos para nosso plano de ações.
Conclusão
Na minha opinião, a abordagem e condução não é muito diferente para pessoas, famílias, autônomos, desempregados, MEI, profissionais, equipes, áreas, negócios, produtos, grupos, ONG’s, … iniciamos relembrando quem somos e de onde viemos, continuamos no mapeamento de situação e possibilidades, terminamos com ideação para cenários e iniciativas. Tudo isso focados em definir os próximos passos.
Ajudei nessa modelagem um jovem que queria pivotar a carreira e encontrou algumas alternativas de contatos que ainda não tinha percebido, um amigo autônomo que está sem rendimentos e que mapeamos possibilidades de parcerias, com amigos que confirmaram a oportunidade de cursos online, um deles a opção por buscar um coaching.
Não pode e não é rígido, a medida que vamos conversando, percebemos que cada caso é um caso, pode durar horas ou dias, o ideal é termos mais pessoas participando, familiares, parceiros, colegas, … é legal a busca por reinvenção, de si mesmo, produtos, serviços, mercado.
Tenho 1300 post publicados, centenas de técnicas e boas práticas, relatos e depoimentos, posso citar alguns:
- toolbox-360/ – para quem quer opções em técnicas
- desafio-toolbox/ – se quiser o baralho do Desafio Toolbox 😉
- the-six-degrees-of-separation/ – amigo de amigo de amigo é meu amigo!
- desenhando-sua-vida/ – Designing your life de Stanford é inspirador
- carreiras-e-empresas-equilibram-se-entre-kaizen-e-kaikaku/