Em uma reunião de trabalho, debatemos a Aprendizagem Dialógica, sobre a qual não havia ainda escrito e com a qual tenho muitos pontos de contato frente a minha responsabilidade enquanto educador.
Na educação dialógica temos a presença do “eu”, “tu” e “nós” como protagonistas do objeto em estudo, posto que a base é o diálogo e o debate. Temos como pressuposto deste diálogo o fato de que todas as partes estão abertas por igual a falar e a ouvir, ambos valorizando a construção do aprendizado.
Na relação dialógica entre mestre e aluno, o primeiro não se coloca como oniciente, mas como aquele que possui maior responsabilidade sobre o objeto de estudo, sem no entanto estar fechado a outros prismas e conhecimentos que possam enriquecer o todo e ampliá-lo em suas partes.
Ao contrário da educação clássica, temos em sala de aula múltiplos atores, incluso o professor, onde todos devem estar dispostos a co-criarem o melhor resultado possível, aquele onde os processo de ensino e de aprendizagem sejam fruto do diálogo, da interação e interesse de todas as partes.
A aprendizagem dialógica ocorre em interações que aumentam a aprendizagem instrumental, favorecem a criação de sentido pessoal e social, são guiadas por princípios onde igualdade e diferenças são valores compatíveis e mutuamente enriquecedores (Aubert et al., 2008: 167).
Cabe ao professor preparar-se antecipadamente, de forma a propôr um conjunto de dinâmicas baseadas em diferentes abordagens didáticas, ao mesmo tempo oferecendo conteúdo inicial suficiente para estabelecer ciclos multilaterais para construção individual e coletiva deste conhecimento.
Para mim, é impossível estudar a aprendizagem dialógica e não trazer junto conceitos da andragogia (ensino a adultos), onde o estudante precisa ver sentido, valor e desafio em sua construção. O que nos remete a subsunçores, conhecimentos prévios disponíveis em cada aluno e professor.
Os subsunçores da Aprendizagem Significativa de Ausubel (link)
Na teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel, para alguém aprender algo é preciso que este aprendizado faça sentido, de forma que o aprendiz ancore cada nova informação a seus conhecimentos prévios, unindo o novo ao pré-existente (subsunçores), que atuam como âncoras entre o antigo e o novo.
O primeiro passo é estabelecer conceitos básicos que permitirão ao aluno gerar ciclos contínuos de diferenciação progressiva (aprendizagem subordinada) e reconciliação integrativa (superordenada), indicando um processo cognitivo do geral para o específico e do específico para o geral.
Influenciado por Jean Piaget em seus esquemas conceituais, relacionando-o à aquisição de conhecimentos a partir da exposição a ele, acrescido de raciocínio dedutivo e o debate de ideias a partir de diferentes vivências, conhecimentos e informações anteriores a que cada ator se viu envolvido.
A aprendizagem experiencial de David Kolb (link)
O livro de David Kolb é antológico – “Aprendizagem Experiencial: Experiência como fonte de aprendizagem e desenvolvimento” de 1984 – Experiential_Learning_Experience_As_The_Source_Of_Learning_And_Development
O ensino ou compartilhamento experiencial, através de vivências, exige antecipação e planejamento, de forma a fazê-lo de forma que a experiência proporcione uma construção acelerada do entendimento. Ofertar conhecimentos práticos que colaborarão com o objetivo final para assimilação do novo.
Um ciclo de quatro atos – 1. Experimentação – Ter uma estratégia clara, método, critérios e métricas. 2. Reflexão – A experimentação é a ignição à percepções ampliadas; 3. Conceitualização – Fixando ou criando novos esquemas, padrões e projeções pessoais; 4. Aplicação – Aplicação conforme conceituado, gerando valor através de outras atividades, reiniciando novos ciclos de aprendizado e melhoria.
Professor enquanto facilitador de conhecimentos
A efetividade desta construção em sala de aula depende de uma boa condução pelo professor, dando atribuição de sentido pessoal aos alunos (quanto ao conteúdo e valor), instigando o interesse na experimentação e no estabelecimento do diálogo que permitirá a gestão construtiva do conhecimento.
Ao invés da premissa clássica de que o professor tem um conteúdo a ser ministrado, tempo para fazê-lo e ao final uma avaliação para dimensionar o quanto foi absorvido (aprendido ou memorizado) por cada aluno, na aprendizagem dialógica é preciso experimentar e constituir sentido pessoal e social a esta construção.
Resumo de meus posts sobre educação – https://jorgeaudy.com/educacao/
Teorias da educação – http://cmapspublic3.ihmc.us/rid=1LNV3H2J9-HWSVMQ-13LH/Learning%20Theory.cmap
