Funcionário público concursado na Procempa nos anos 80, empresário nos 90 em uma softwarehouse, professor e GP no primeiro ano da Ulbra em 1989, coordenador de desenvolvimento em outsourcing pela ADP Brasil, coordenador de desenvolvimento corporativo e negócios digitais pelo Grupo RBS, Mestre e professor pela PUCRS, agile coach e mentor para empresas de diferentes portes.
Algumas pessoas tem o privilégio de participarem de experiências como o escotismo, intercâmbios no Rotary, Leo Clubes, DeMolays, vivências que ampliam suas percepções de horizonte e de mundo, lidar com lideranças, trabalho em equipe, responsabilidade, cultura, essência que a maioria dos colégios e faculdades tem menos a oferecer. Se é seu caso, mentoria e coaching é a base de todos eles.
Deixar de contar com a centralização das decisões verticais, hierarquizadas, para fomentar a auto-organização é o grande mote do século XXI. Isto exige uma nova atitude e comportamento (softskills) de liderados, tanto quanto forja novos líderes. Neste contexto, receber orientações, sugestões, dicas, de profissionais mais experientes, com muito em ensinos vicariantes à oferecer é um acelerador.
COACH
Não existe melhor exemplo de Coach que um técnico de futebol, ele sempre está lá mas não joga, é responsável por organizar e orientar o desenvolvimento dos seus jogadores, cobrar metas, indicar o que devem aprender ou aprimorar para melhor cumprir seu papel, montar um programa de treinamento.
Um treinador não necessariamente foi jogador, mas tem que conhecer bem o assunto, pode só ter participado em outros papéis e mesmo assim ser um grande coach. Quem faz acontecer é cada jogador e o coletivo, o treinador agrega uma visão neutra, imparcial, sempre interessado no melhor para jogadores e time.
Há mais de 30 anos já existe a prática do Coaching Executivo, através de consultores externos os executivos de grandes empresas recebem conselhos sobre áreas de desenvolvimento pessoal e profissional, debatem quesitos que lhe proporcionarão maior consistência para continuar seu crescimento na empresa.
O papel de Scrum Master acaba proporcionando esta mesma abordagem, mas em um coaching NÃO executivo, orientando coletiva e individualmente sobre como desenvolver-se em meio a um modelo auto-organizado. Uma mudança que gera muitas oportunidades e necessita apoio para contornar riscos que exigem conhecimento e um tanto de empatia.
MENTOR
O Mentor é aquele profissional experiente, hábil na comunicação interpessoal para transferência de conhecimento, atua mais no campo estratégico que operacional, ele transfere suas experiências de vida, conhecimentos, vivências e muito aprendizado vicário, com o objetivo de motivar e orientar seus pupilos à eles mesmos assumirem as rédeas, montarem seu planejamento pessoal e profissional.
O papel do Mentor é o papel de um irmão mais velho, que tem o interesse de vê-los desenvolver todo o seu potencial, se possível evitando que eles cometam os erros conhecidos, talvez já vivenciados por ele mesmo. Não se restringe a um campo de conhecimento, busca oferecer incremento consciente a nível de capacidade absortiva, ampliando a percepção de mundo, de oportunidades e riscos.
Um exemplo de mentoring é o que incubadoras e aceleradoras oferecem a suas startups, profissionais experientes que orientam sobre estratégia, negócios, produtos, princípios e métodos, tanto quanto pontos e competências pessoais, de carreira e profissionais. Normalmente os pupilos são jovens em sua primeira experiência de mercado e alguém com vivência agrega novos prismas e praxis.
No escotismo esse é o papel do chefe escoteiro ou mestre pioneiro, orientar, de forma que cada jovem faça o seu melhor, assumindo o controle e o remo de sua própria canoa (frase do fundador do movimento, Sir Baden Powell).
APRENDIZADO VICARIANTE E AUTOEFICÁCIA
Albert Bandura, Psicólogo e Pesquisador Canadense, que desenvolveu a teoria da aprendizagem social, afirma que todos os fenômenos que ocorrem por meio de experiências diretas podem também ocorrer de forma vicariante, que é o aprendizado a partir da observação de outras pessoas e das consequências geradas ou obtidas por elas. Uma teoria conhecida como Aprendizagem Observacional.
Aprendizado ou reforço vicariante é a essência de grupos como o GUMA (Grupo de Usuários de Métodos Ágeis do RS) e comunidades de prática (CoP) como o TecnoTalks, realizado no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS, Tecnopuc. O compartilhamento de conhecimento e experiências tem esse foco: aprender a partir da observação, pelos acertos e erros dos outros.
Autoeficácia sustenta-se no senso de autoestima, lembrando o pensador Henry Ford quando diz que “se você acredita que pode ou não acredita que pode fazer alguma coisa, provavelmente você sempre estará certo”. Também a frase “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez” atribuída ao poeta Jean Cocteau, pois acreditar ser impossível torna tudo intrinsecamente mais difícil.
Pessoas com muita autoeficácia possuem maior confiança em si, tendem a ser mais empreendedoras, enquanto o contrário demonstra pessoas mais acomodadas e sem resiliência. A autoeficácia pode ser incentivada pela valorização dos pontos fortes e a transparência dos pontos fracos, incentivando a capacidade de cada um em superar obstáculos, de aprender com os erros, crescer e se superar.
As pesquisas de Bandura sugerem que com o aumento da autoeficácia as pessoas sentem-se mais fortes e capazes, mais resilientes, reagindo melhor a imprevistos e surpresas, trabalhando melhor riscos e aproveitando melhor oportunidades.