Coube ao segundo dia o planejamento e execução do Agile Game do Banco Intergaláctico pelos grupos, técnicas visuais de elicitação e discução, user story mapping e customer journey map, diferentes formas de estimativa para o Release Plan, a execução na prática de sprints. Os horários foram todos antecipados por pedido consensuado de galera, devido a ameaça de protestos e riscos ao deslocamento para o aeroporto, mas deu tudo certo \o/
Mas quero aprofundar algo sobre os jogos, engana-se quem acha que utilizar fundo de cena em um treinamento é só torná-lo divertido ou aliviar uma frase sequer de conteúdo. Criar um fundo de cena que tenha sentido, como este do Star Wars, diz respeito a criar alguns momentos de descontração, intensos o suficiente para “chacoalhar” o cérebro a cada tanto ou subliminarmente o tempo todo.
Chegamos as 7:00 do primeiro dia em uma sala branca, com janelas altas, classes e cadeiras bem antigas e tradicionais, quadro ainda de giz e um projetor. Uma hora depois a sala já estava colorida com alguns quantos metros de TNT temático, retiramos todas as classe e cadeiras que não seriam usadas, distribuimos bonecos pequenos que tocavam a Marcha Imperial para mascotes do time, colei folhas em todas as paredes e utilizei variados itens temáticos sem fim específico.
A partir da chegada da galera, o fundo de cena permitiu que cada tela pudesse ter em um canto um personagem ou descontração, a entrevista para montagem do Project Model Canvas foi de surpresa com o próprio Darth Vader, a cada hora, com a carga de informações ou sequência de conteúdo se tornando pesada, um icebreaker, warmup ou mais um passo do agile game Banco Intergaláctico era realizado, sempre com ganchos e mensagens subliminares.
Há os céticos reducionistas que acham que essa abordagem é recreio, ano de 2016 e ainda acha que isso tudo desmerece o curso, que ludificar perde o foco. São aqueles que acham que o papel de um professor ou instrutor é imutável, empurrando conteúdo, transferindo a responsabilidade aos alunos, que tratem de se manter acordados, atentos e receptivos. Instigar o “aluno” a prestar atenção em algo que é diferente, variado, curioso, interessante, divertido, é um papel afeito ao professor do século XXI, responsa que por séculos foi transferida ao aluno.
São os mesmos céticos que não conseguem ver oportunidades nas pesquisas, teorias e ensinamentos de Kolb, Arendt, Freinet, Montessori, Ausubel, Piaget, Brousseau, mais Huizzinga, Dinello e Murcia, finalmente, Caroli. Qualquer aula com mais de 30 minutos, até um treinamento com dias inteiros de 8 horas, tem a obrigação de gerar uma condução, tendo gatilhos e válvulas de escape para que o cérebro não entre no piloto automático, lembrar que vale a pena aprender.
O aluno é o cliente desta relação, o fato de o professor hipoteticamente saber mais não muda este fato, é dele a responsabilidade de buscar fundamentos pedagógicos, além de entender sua relação com alunos através da psicologia, sociologia, antropologia. Não precisa seguir a linha do lúdico, pode ser apenas experiencial, mas eu acredito que sorrir é sempre o melhor remédio para tirar as pessoas da zona de conforto, afugentar o sono e manter a atenção … em doses homeopáticas, sem perder o foco, sem virar bagunça, porque tudo isso tem o sentido de ampliar a retenção, otimizar a absorção, o resto fica para a hora do recreio.
Nesta edição, o Darth decidiu se endireitar e após seu último projeto ter dado tudo errado por ter sido excessivamente waterfall, comando-controle e hierarquizado, ele decidiu adotar Agile, ser mais colaborativo e tornou-se um líder-servidor. O banco inetrgalactico é um sucesso e agora ele precisa expandir, para isso, quer desenvolver um caixa automático que será instalado em cada planeta ou grande asteróide da galáxia …
Mas, sim, é direito de cada um ter opinião e seguir suas crenças né, por muito tempo ou sempre terá gente (professores e alunos) que ainda acha que igreja, sala de aula e ambiente de trabalho não é lugar para rir, se divertir, acham que é impossível ser feliz enquanto trabalha, divertir-se enquanto aprende, tanto quanto é preciso ter “respeito” e ser sisudo na igreja.
Até a próxima! \o/