A consciência de saber o que não sabe e quer saber é o alicerce de novos conhecimentos, primeiro de quatro estágios do aprendizado – “o que não sei que não sei”, “aquilo que sei que não sei”, “o que sei que sei”, “o que não sei que sei”.
Novos aprendizados tem a ver com o querer saber, com a inquietação de quem acredita que há mais além do muro daquilo que já sabemos, tem a ver com um frequente questionamento, uma apologia à maiêutica socrática (*).
Acredito que esta é uma base conceitual na atuação de um coach ou mentor frente a seu coachee ou mentorado, tem a ver com auto-consciência, influenciando-o para que ele avance por fases de esclarecimento daquilo que poderia aprender ou desenvolver, o aprendizado e o atingimento da maestria.
1. Incompetência Inconsciente ou não sei que não sei – Podemos dizer que este é o primeiro estágio, aquele mais perigoso, pois nada é mais comodo que não admitir que não sabemos ou o que há para saber. Isto no coloca na ignorância – “estado de quem não se está a par da existência ou ocorrência de algo”;
2. Incompetência Consciente ou sei que não sei – É onde a aprendizagem realmente começa, quando percebemos algo que merece ser conhecido, pelo valor que pode nos agregar, pela crença em sua natureza, finalidade ou utilidade. É quando percebemos algo que desconhecemos e gera em nós a vontade de aprender;
3. Competência Consciente ou sei que sei – É todo o aprendizado acumulado sobre o qual já temos consciência do nosso estágio de domínio sobre algum tema, a partir de onde teremos o empenho em fixar e ampliar. Pode parecer ser este o objetivo, mas este estágio exige esforço e consciência para que um saber seja utilizado;
4. Competência Inconsciente ou não sei que sei – Este é o ápice do saber, quando ele está introjetado e não exige esforço em lembrar o que sabemos. Como nas artes marciais em exercícios de Kata em um Dojo, é quando o saber não exige esforço, após muito treino e dedicação ele sempre estará lá, mesmo sem querer!
Conforme a wikipedia, o instrutor de administração Martin M. Broadwell descreveu o modelo como “os quatro níveis de ensino” em fevereiro de 1969. Na psicologia, este modelo de “competência consciente” está relacionados aos estados psicológicos envolvidos no processo de progredir da incompetência para a competência enquanto nova habilidade .
Len Lagestee e os Agile Coach
Quando escrevi meus primeiros posts sobre a abordagem do Len eu ainda não conhecia a teoria dos quatro estágios da competência, mas acho ela 100% aderente a proposta de Len Lagestee, Agile Coach em Chicago, que no artigo exit-strategy-agile-coach afirma que um Agile Coach não deve trabalhar para perpetuar-se.
O papel e avaliação de um bom agile coach é o tempo necessário para sair do estágio de “Não sei que Não sei”, passar pelo “Sei que não Sei”, até chegar ao “Sei que Sei”, porque ir adiante é uma questão de tempo, vivência, o que fica é o valor que já gera e o engajamento em internalizar estas novas competências.
(*) Só sei que nada sei!
Sócrates ousou dizer que nada sabia, não o Sócrates do Corinthians que esse sabia muito de futebol, mas o filósofo grego que propôs a Maiêutica baseado na necessidade de questionar, inquietar-se com as infinitas possibilidades que o mundo nos proporciona.
Bem, o exemplo de Sócrates é curioso, visto que aparentemente essa postura lhe custou a vida, por afrontar os sábios da época, afirmando que é sábio conhecer a própria ignorância, pois quanto mais aprendemos, mais temos a aprender.