Criar pirâmides do bem hoje é a garantia de um pós-covid menos profundo e mais curto, melhora acada empresa que favorecer os seus e quem está no seu entorno, estes repassarão adiante, garantindo empregos que gerarão a subsistência de milhões. Um exemplo é o manifesto NãoDemita, que garante milhões de empregos até o final de Maio, estes salários são o primeiro elo de uma corrente do bem, uma pirâmide, que beneficia milhões de famílias e seus compromissos, que não serão sustados, que assim garantem milhões de outros compromissos e além.
Todos perderão se no futuro tivermos milhares de empresas falidas, milhões de profissionais desempregados, tecido social tenso e desestruturado. Se as empresas que podem, dedicarem alguma energia ao seu ecossistema, estarão garantindo um mercado mais forte e sustentável pós-covid. Cada uma delas pode desenvolver uma pirâmide do bem, mantendo, equacionando, contingencializando, usando de criatividade e responsabilidade para manter minimamente ativo o mercado no seu entorno, um mínimo possível e necessário.
Exemplo, a DBServer aderiu ao manifesto, são 600 famílias que poderão manter o valor pago sem execução da diarista, da creche do filho que está fechada, cabeleireiro, academia e faculdade. Porque seria pouco ético neste momento ser privilegiado na manutenção de seu emprego e salário e ao mesmo tempo não manter seus compromissos, que manterão os seus e assim por diante. Uma só empresa como a DB está criando uma pirâmide de resistência verdadeira para o pós-covid-19, são 600 famílias diretas, mais milhares indiretas … uma corrente do bem!
Não é fácil, mas em meio a uma crise destas proporções é preciso deixar um pouco de lado a lei da selva, ou a lei de mercado se preferir chamar assim, porque inexiste sucesso para alguém se todo o seu ecossistema estiver metido em uma crise épica . Inexiste mercado somente com oferta, o mercado depende de oferta e demanda, lembrando que demanda sem recursos não resolve mercado algum, é preciso que este mesmo mercado tenha recursos para comprar produtos e serviços, senão é como um jogo de dominó, um empurrando o outro para baixo.
Com ideação e co-criação de alternativas viáveis e contingências, pode mudar a visão que muitas empresas tem do mercado e de si mesmas, que poderão lembrar Dee Hock, fundador e presidente emérito da VISA Internacional em “Birth of the chaordic age” ao desafiar o status quo do dinheiro-papel e bancos para a criação do cartão de crédito. Poderá lembrar também a Economia Donut de Kate Raworth, em busca de um equilíbrio sustentável entre TODOS os cidadãos e seu ecossistema, político, social, econômico e ecológico.
Para isso, algumas empresas estão em posição de gerar novas pirâmides do bem:
exemplo 1: Super-mercados com certeza estão com atribulações, mas milhares de famílias que comiam fora estão fazendo grandes ranchos para cozinhar em casa e manter o distanciamento social. São candidatos ao topo de grandes pirâmides do bem neste momento, funcionários, parceiros, fornecedores e, mais que importante, em apoio a lojas menores do seu entorno que poderiam usar os supermercados para reduzir seu estoque. Qualquer lojinha poderia dispor ítens em consignação, negociando diretamente com o gerente da unidade, que teria uma boa quota ou verba para fazê-lo com autonomia. Atenção a ítens perecíveis, uma solução para os pequenos não acabarem jogando muita coisa fora;
exemplo 2: Redes de farmácias, com certeza as pessoas continuam comprando remédios, talvez tenham reduzido cosméticos, mas com certeza não são o segmento mais afetado pela crise, estão abertos e com criatividade podem ser grandes pontos de resistência e disseminação de boas ideias e soluções, empreendendo em rede, focado no seu entorno, como revendendo máscaras de tecido por exemplo, jalecos, tocas de pano, talvez consignados, ajudando também pessoas que possuem algum estoque e vendiam porta-em-porta ítens de beleza e cosméticos conhecidos. A ideia é contribuir para que mais pessoas possam contribuir em sequência, em pirâmide;
exemplo 3: Postos de combustível tem um grande potencial de distribuição tipo drive-thru, que geraria um mínimo contato para distribuição de itens, poderia até mesmo criar um modelo em que as pessoas pedem pela internet ou telefone e agendam um dia e hora para recolher no posto mais próximo de sua casa. Iniciativas poderiam ter raios de 500 metros aos postos, de forma que pequenos mercadinhos e comércio montasse as sacolas os kits e deixasse estocado em um posto, que entregaria em formato drive-thrue;
exemplo 4: E se condomínios com mais de N apartamentos tivessem grandes armários de auto-atendimento, com pequeno estoque variado e diversificado de ítens dos mercadinhos e lojinhas ao redor, onde os moradores poderiam ir ao térreo, pegar os ítens e pagar através de um aplicativo, há dezenas deles disponíveis, basta um QRCode na porta do armário que remeta ao PagSeguro, PayPal, etc … O risco seria menor em condomínios com portaria e segurança 24H, ainda mais se o armário tivesse uma câmera, etc. Isso já existe em coworkings e empresas.
exemplo 5, 6, 7, 8, 9, … Basta reunir virtualmente algumas pessoas, que com certeza surgirão dezenas de boas ideias …
Nestas horas é impossível não lembrar das famosas hélices – governo, academia, empresas e população – e de que forma unem-se para criar ou neste caso gerenciar uma crise que é de todos, pois todos se beneficiam de um ecossistema o mais forte possível.