Qual o papel do capital intelectual das empresas em seu processo criativo e de que forma ele mais acontece, é intrínseco ou extrínseco, espontâneo ou incentivado, o quanto as empresas líderes investem no seu fluxo interno de ideação e inovação.
Não existem condições ou requisitos mínimos para que boas ideias e inovação aconteçam, é possível e ocorrem em qualquer lugar, mas podemos criar as melhores condições para que aconteçam, não é uma garantia, mas fértil substrato.
Max Weber em seus Ensaios de Sociologia escreveu que “As idéias nos chegam quando lhes apraz, e não quando queremos. As melhores idéias ocorrem da forma que Ihering descreve: ao fumarmos um charuto no sofá. Não obstante, elas certamente não nos ocorreriam se não tivéssemos pensado à mesa e buscado respostas com dedicação apaixonada.“
Domenico de Masi prega o valor do ócio criativo, é termos prazer de fazer diferente, filosofando vez em quando, refletindo, não só construindo, mas desconstruindo e reconstruindo, com vontade e desejo … O trabalho junto a chama da vontade e entusiasmo, instiga a inovação, no prazer em empreender o novo.
O resumo é que inovação pode ser tratada como sendo apenas um ato isolado de inspiração individual, pode ser trabalhada através de áreas de P&D ou pode ser um programa de revolução permanente, com pleno uso do capital criativo de toda empresa, instigando cada um de seus colaboradores e envolvidos a fazer diferente.
Bancos de Ideias
Organizacionalmente, por área ou mesmo equipe, em um mural ou ferramenta, o banco de ideias pode ser um artefato análogo ao portfólio de projetos, ao release plan de um projeto ou área para manter ideias e sugestões que se quer manter no radar, mas por enquanto não focaremos.
A criação de um banco de ideias colabora no registro e classificação de oportunidades, necessidades, conhecimentos, informações, … relevante no incentivo a criatividade, inovação e empreendedorismo, em produtos e serviços, mas também em ambientes e processos de trabalho.
É preciso estabelecer critérios qualitativos e quantitativos para avaliar e ranquear os tópicos cadastrados, construindo um funil de seleção, usualmente com comentários, complementos, lições aprendidas, etc.
Funil de Inovação
As grandes empresas da área de tecnologia da informação investem em um ambiente organizacional que buque incentivar a ideação em cada aspecto, desde a busca por talentos bem pagos, equipes integradas, tanto descontraídas quanto focadas, com uma estratégia clara de incentivo e valorização da inovação.
Para estratégias de inovação são utilizados diferentes modelos de funil, por exemplo um funil de inovação formado por cinco etapas com uma espiral criativa contínua, com etapas de identificação, prototipação, projeto, piloto e mercado:
Estratégias claras de inovação garantem um incentivo, registro, debate e seleção de forma transparente e colaborativa nas etapas de formação de banco de ideias e de um processo de identificação das melhores, uma abordagem racional em meio a inquietação e liberdade do processo criativo, espontâneo e incentivado.
Capacidade Absortiva
A alta Capacidade Absortiva é percebida na destreza organizacional em reconhecer a inovação, assimilá-la e aplicá-la. Dois nomes relacionados a capacidade absortiva são Cohen & Levinthal, que relacionam esta qualidade da empresa a investimentos em P&D e na contínua busca de seu desempenho inovativo.
Estes e outros autores valorizam aquilo que chamam de mecanismos de integração social, outro tema que posto e desenvolvo com frequência, pois a gestão do conhecimento, modelo SECI, Comunidades de Práticas, Grupos de Usuário vem de encontro a necessidade de aproximar e instigar as pessoas a interagirem na busca pela disseminação e geração de conhecimento.
Importante entender um conceito, a inovação não se traduz apenas a novos produtos, diz respeito a capacidade de resolver problemas, de aprender com eles, de fazer diferente, finalmente, o desenvolvimento de uma boa gestão de ideias serve não só para promover a inovação em produtos e serviços, mas muito especialmente como uma ferramenta de desenvolvimento pessoal.
Métodos Ágeis e conclusões
Empresas modernas investem em suas pessoas, incentivando e delegando para que os funcionários possam desenvolver suas habilidades natas e novas competências mais e mais empreendedoras, oportunizando a eles crescer profissional e pessoalmente. Desta forma, funcionários podem assumir um papel de referência ou mesmo liderança frente a mobilização e evolução organizacional.
Métodos ágeis baseados em auto-organização, gestão do conhecimento e comunidades de prática, estes modelos nos proporcionam mais interação e colaboração, entretanto a gestão da inovação exige um passo a mais, exige uma estratégia claro para formação e gestão de um banco de ideias e oportunidades, que deve ter energia dedicada a sua análise, seleção e endereçamento.
Métodos Ágeis, Gestão do Conhecimento, Gestão por Competências e Gestão da Inovação são disciplinas organizacionais complementares, que sozinha podem gerar melhores resultados, mas quando somadas tem o poder de transformar uma organização. O maior desafio é transcender uma provável cultura atual industrial baseada em comando-controle para uma mais aberta, descentralizada, auto-organizada, interativa e construtivista.
Creio que a maior barreira cultural a ser transposta é a necessidade de conviver com a incerteza e a falta de garantias, ter a cabeça aberta e sem preconceitos, não rotular nem ideias e menos ainda seus protagonistas. A a recomendação e boa prática é gerar condições e mecanismos para que isso tudo aconteça de forma organizada, clara e justa … um grande desafio!
Costumo dizer que empresas e pessoas mudam por dois motivos, o primeiro é por pressão, por necessidade, o outro é por paixão, pela vontade de fazer diferente, baseado em crenças. A pergunta é: Você e sua empresa querem ou precisam mudar? Qual é a motivação? Saber isto é o primeiro passo.
Boa sorte e conta comigo para bater um papo cabeça sobre isso aí! o/