A cada treinamento ou workshop, até mesmo em uma palestra, sempre aprendemos algo, ao interagirmos com outras pessoas sempre percebemos algo que pode nos surpreender. Em um exercício sobre mapping, um dos grupos optou por mapear todas as User Stories no formato de um mapa conceitual, casualmente um tema tratado na disciplina de Metodologia do Ensino Superior da Prof Leda Lísia no mestrado em gestão da administração na FACE/PUCRS.
Mapas conceituais são modelos bi-dimensionais e hierárquicos que permitem uma representação gráfica do conhecimento, oferecendo artifícios para representar e interligar conceitos, relações e conectores. A seguir os três tipos de elementos que podemos perceber em um mapa e um exemplo visual:
. Conceitos são desenhados dentro de caixas arredondadas ou quadradas, geralmente fechadas;
. Relações são as linhas que ligam os conceitos;
. Conectores são termos que representam o tipo de relação entre diferentes conceitos relacionados.
Conforme a necessidade que se apresenta, cada um de nós irá montar um mapa seguindo seu pensamento, algo único, em forma de teia de aranha, fluxograma, de entradas e saídas, hierárquico, … até os modernos mapas mentais usando diferentes softwares, alguns gratuitos, outros freemium ou mesmo proprietários, como o CMapTools, Mindmeister, iMindQ, SimpleMind, … até mesmo o Prezi.
Experimente criar mapas conceituais como forma de fixar conhecimentos, após estudar, ao aprender algo, experimente desenhar usando conceitos, relações e conectores, quer iniciando pelo geral até chegar ao específico ou vice-versa. Com a prática é possível aprender que a forma é bastante flexível e a busca é por um diagrama que reflita sua própria construção do conhecimento, que é única!
Em um grupo de 20 pessoas com o desafio individual de construção de um mapa conceitual sobre determinado tema, provável que tenhamos ao final 20 mapas distintos. Isto apenas mostra que um mapa reflete nossa forma de pensar e entender o que nos cerca, algo óbvio quando escrevemos uma dissertação, mas que nos surpreende ao usarmos uma artifício gráfico como mapas conceituais.
As bases teóricas destes mapas nos reportam a década de 60, a teoria da Aprendizagem Significativa e ao psicólogo David Paul Ausubel. Assim como Piaget e a Escola Construtivista, Ausubel parte do princípio de que cada ser difere de outros e é único através de sua bagagem, vivências, conhecimento.
A Aprendizagem Significativa de Ausubel
Na teoria da Aprendizagem Significativa, para alguém aprender algo é preciso que este aprendizado faça sentido, de forma que o aprendiz ancore cada nova informação a seus conhecimentos prévios, criando assim novos conhecimentos. A teoria propõe que a aprendizagem significativa ocorre unindo o novo ao pré-existente (subsunçores), que atuam como âncoras entre o antigo e o novo.
O primeiro passo é o estabelecimentos de conceitos básicos que permitirão ao aluno a construção de ciclos contínuos de diferenciação progressiva (aprendizagem subordinada) e de reconciliação integrativa (aprendizagem superordenada), respectivamente indicando um processo cognitivo do geral para o específico ou ao contrário, do específico para o geral:
Ausubel indicou o uso daquilo que chamou de organizadores prévios ou subsunçores para a ancoragem do novo, facilitando a nova aprendizagem. Esta abordagem pressupõe que é responsabilidade do professor oferecer recursos introdutórios que servirão de âncoras para novos conhecimentos, possibilitando o aprendizado significativo.
Sendo assim, é imperioso para o desejo de aprender do aluno que o professor ofereça e certifique-se que os seus alunos tenham os subsunçores necessários antes de iniciar o ensino do novo, esta seria a condição para o real aprendizado. A avaliação do aprendizado é também avaliação do ensino, Ausubel sugere a utilização de testes de compreensão usando recursos diferentes dos usados para o ensino, constatando de fato se ocorreu a aprendizagem significativa.
Assim como no post que fiz sobre a Escola Construtivista, Ausubel acredita que cada um de nós possui uma história, nossas vivências e conhecimentos prévios são mediadores de nossa capacidade em aprender algo novo. Um bom professor deve ser capaz de perceber e oferecer aos seus alunos os subsunçores necessários para que cada aluno construa seu aprendizado. Isto é diferente de decoreba, independe de memória, não é dizer como pensar e como saber, é ensinar a pensar e construir seu próprio saber … Temos muito pela frente 😦
Um artigo muito legal (em inglês) sobre mapas conceituais pode ser lido em http://cmap.ihmc.us/publications/researchpapers/theorycmaps/theoryunderlyingconceptmaps.htm
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