Networking ativo é como um Tamagotcchi (たまごっち), animal de estimação virtual que foi sucesso na década de 90, se ele não fosse “alimentado” diariamente, morria de inanição. As crianças tinham que lembrar de brincar, alimentar, fazê-lo dormir e se divertir.
Networking é um termo internacionalmente usado para identificar nossa rede de contatos profissionais, relativo a existência de um relacionamento de confiança entre as partes. O conceito foi resignificado e vem ganhando força na última década, ganhando uma dimensão de relacionamento ativo, confiança e mútuo interesse.
Um mapa de networking é uma técnica em que desenhamos um mapa conceitual com empresas, contatos, riscos e oportunidades, com o objetivo de apreender o máximo de valor ativo, latente e potencial. Uso na orientação de carreira, com amplitude, porque todos os níveis nos são valorosos, o linkedin chama de 1st, 2nd, 3rd, …
Dito isto, não podemos chamar de networking ativo uma lista de contatos com os quais não temos sinergia, a diferença entre um networking passivo e ativo é um continuum de aproximação. Contatos presenciais e virtuais, interagindo em eventos e nas redes sociais, compartilhamento de conteúdo de valor, dicas e oportunidades.
Entre um networking passivo numeroso e um networking ativo restrito, opte pelo ativo, que mesmo menor, é constituído de contatos que se importam, que o conhecem o suficiente para recomendá-lo naqueles pontos que possuem em comum ou por admiração em iniciativas que poderão gerar valor a um, outro ou ambos.
1. Planejamento de Carreira – A base de um bom networking ativo é construída a partir de autoconhecimento e planejamento pessoal, quando sabemos o que queremos, compartilhando com nossa rede, todos estarão cientes e talvez relacionem eventuais oportunidades, indicações, confirmações, etc;
Inclua no seu planejamento os canais, relacionamentos e frequencia, porque networking não é como uma quitanda, não é só ir no super e quando for lá na quitanda pedir um saco de batata e uma dúzia de maças, networking é uma roleta russa se não o alimentamos todos os dias, entenda que networking ativo é mão de duas vias.
2. Participe de pelo menos um evento a cada mês – Quem me conhece, sabe o quanto recomendo que bons profissionais participem de pelo menos um evento a cada mês. Grupos de Usuários, Comunidades de Prática, associações, etc, são confrarias, gerando fortes links e ampliando suas redes a cada edição;
Não entendo profissionais que acham que vida profissional é somente aquelas horas em que bateu o ponto, não participando de nenhum evento só porque a empresa não paga sua inscrição e não remunera seu tempo. Puts, o maior prejudicado é você, que se defasa, fica sem saber o que está bombando, etc.
Não estou dizendo para ir em eventos todos os dias, mas pelo menos UM POR MÊS, há eventos gratuitos todas as semanas, impossível não se interessar por nenhum deles, porque tem de métodos ágeis, empreendedorismo, tecnologia, negócio, gestão, etc. Se nada interessa, hora de avaliar se você faz o que gosta!
3. Se comparecer, aproveite cada minuto – Evite ir a eventos e não interagir, há pessoas que vão a eventos por obrigação, achando que simplesmente estar lá é o suficiente. Não é, ao contrário, quem participa marca presença e será lembrado com facilidade, gerando relações de confiança;
4. Participe de associações de sua área de interesse – Mais que participar, o maior valor é ser visto como um especialista, alguém que não se furta a debater, a palestrar, a ajudar naquilo que está a seu alcance. Grandes empresas valorizam profissionais que compartilham seus conhecimentos e agregam valor ao mercado;
5. Marketing pessoal de conteúdo – Crie perfis nas principais redes sociais, especialmente no Linkedin, talvez um blog ou canal e os promova. Se uma das estratégias crescentes em empresas é marketing de conteúdo, siga essa receita de sucesso, faça posts significativos compartilhando seus conhecimentos;
Profissionais ou estudantes podem lançar blogs individuais ou coletivos, mas também podem postar em plataformas como no linkedin ou medium, podem publicar um paper.li ou criar canais de vídeo. Aprende-se assim a ser mais assertivo, pensamento crítico, aprofundamos assuntos de interesse além do mínimo, etc.
6. Não se restrinja ao que já sabe – Alguns profissionais cometem o erro de apenas interagir em eventos e canais que lhe agreguem mais do mesmo que já sabe, saia dessa zona de conforto, construa novos conhecimentos, amplie seu espectro de atuação, saia da caixa, seja um ponto acima da curva;
O perfil de profissional mais desejado na era do conhecimento, século XXI, é o que chamamos de Perfil T (T Shaped), são pessoas com profundidade na função ou profissão que escolheu (haste vertical), mas está preparado para discutir outros assuntos, hábil em argumentar, debater (haste horizontal do T), liderar, etc.
7. Ajude e apoie para ser apoiado e ajudado – Networking ativo tem mão dupla, dê o primeiro passo ajudando sutilmente compartilhando posts úteis, interagindo em trocas significativas, fazendo chegar oportunidades a toda a sua rede. Inexiste networking ativo só por necessidade, todo mundo percebe isso;
Eu sempre brinco que sei quando alguém da minha rede foi demitido, porque de um dia para o outro passa a ser colaborativo, participativo, compartilhando e comentando … dali a alguns dias chega aqueles posts de “novos desafios” ou um pedindo recomendações ou indicações … pode dar sorte, mas é ingenuidade!
8. Não curta sem compartilhar algo útil aos demais – Se você soube de algo interessante que pode ser útil a sua rede, por um post em sua timeline, por favor, compartilhe. Mas não compartilhe por obrigação, posicione-se, diga o porque achou aquela informação útil, suscitando seu compartilhamento em rede.
9. Tenha e siga seus gurus – A não ser que você acredite ser a reencarnação de Leonardo Da Vinci, provavelmente valha a pena ter seus gurus, profissionais experientes que aparentemente possuem objetivos análogos aos seus. Siga-os nas redes, converse com eles ao encontrá-los em eventos, não seja invisível;
10. Não tenha vergonha de usar sua rede, é para isso que ela existe – Tem gente que fica envergonhada de convidar pessoas de seu networking para aquilo que o levou a criá-la, se você é um desses, reveja seus conceitos, porque networking é para ser usado. Se você não usa, provavelmente sua rede não usa você … isso é um indicativo que não existe uma relação de confiança ou cumplicidade.
Se você é empreendedor, se curte algum assunto e quer convidar um guru para palestrar na sua empresa, quer se auto-convidar para ir conhecer uma empresa de seu total interesse, gostaria de validar uma ideia, fazer um Focus Group, etc … seu networking foi criado para isso, no máximo receberá alguns nãos, mas ao mesmo tempo, estará valorizando, sinal de respeito, de admiração, vai lá e faz!
Construir um bom networking não é amigos próximos, podemos ter pessoas na nossa rede que raramente interagimos, mas se a interação está rolando com outros é um sinal positivo de empenho, de oportunidades sendo geradas. E não esqueça que networking ativo não é só quem você vê, também é a rede de sua rede (“amigos de amigos meu são meus amigos”), se precisa achar alguém … é só querer o suficiente que você acha!
O que importa é uma rede em movimento, instigante, não se encolha, não deixe morrer, não seja água morna, seja catalisador ou comburente!
Minha dica favorita é a 4: não se furte a debater. É o questionamento das suas verdades que fortalece seus argumentos – ou te prova que está errado! 😀
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