Reflexões sobre o conceito IDEO Deep-Dive

O Design Thinking proporcionou resultados que projetaram a IDEO como a maior e mais conhecida empresa de design de produtos do mundo, tudo isso graças a um processo de trabalho reconhecido como orientado a empatia, sinergia, disrupção e resultados muito rápidos.

De produtos Apple a seringas para insulina, de carrinhos de supermercado a cabines de votação, de desfribiladores a canetas esferográficas, design de produtos para AT&T, Palm e Western Digital, também design de serviços para a Lufthansa e diferentes cadeias de produção.

O Deep-Dive é um conceito proposto pela IDEO para o desenvolvimento rápido de novos produtos, serviços, processos. Por ser a IDEO, trata-se de envolver rápida e profundamente um grupo multi-disciplinar e clientes para geração de novas soluções em alguns dias.

Na minha opinião, há três virtudes na cultura IDEO em patamares tão arraigados e intensos que os tornam únicos a décadas:

1. Soma, uma tática entendida mas não reproduzida por limitações de diferentes gêneros, a constituição de equipes de projeto verdadeiramente multi-disciplinares, a inovação inicia pelo choque de prismas e domínios em variados campos do conhecimento e vivências.

2. Liberdade, outro princípio anulado com frequência por limitações variadas, lideranças imperativas, gerando profissionais que tentam dizer e fazer aquilo que eles acham que o seu líder faria ou esperam dele, suprimindo a criatividade e disrupção.

3. Empatia, não é só se colocar no lugar do outro, é a soma de colocar-se e sentir o que o outro sente, é buscar a compreensão melhor possível do porque, como, quando, sua história, consciente e inconsciente … é o sustentáculo do Design Thinking.

O conceito prático proposto pela IDEO é mais que conhecido e vem evoluindo, não só pelas mãos da IDEO, mas da Google e outros players que dedicam-se a inovação e liderança em seus segmentos, na vanguarda de produtos e serviços.

Não se iluda, a proposta de concentrar uma supercarga de energia em cinco dias de intensa interação, colaboração e propósito exige estudo, habilidade, conhecimento, informação, preparação, fosse fácil e qualquer um faria com sucesso.

Quer aprender a fazer, experimente, atraia e reúna talentos, invista direta e indiretamente em políticas e técnicas inclusivas e participativas, é preciso amplitude de conhecimento, senso de auto-eficácia, talento e atitude, tem muito a ver com a Teoria da Capacidade de Absorção.

A Teoria da Capacidade de Absorção (Cohen e Levinthal, 1990) é a capacidade de uma empresa reconhecer o valor de novas informações externas, assimilá-las em um estoque ativo e renovável, aplicando-as para fins de inovação e empreendedorismo.

Creio que todos os cursos introdutórios ao Design Thinking se veem obrigados a falar da IDEO e do trabalho de desenvolvimento de um novo carrinho de supermercado em 5 dias … sustentado por muita colaboração e experimentação prática, o resto é história!

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Pontos de atenção

Perceba no vídeo que não partem do zero, há pesquisa, benchmark, sombra, levantamentos, dados primários e secundários. Muitas empresas reinterpretam o Deep-Dive e pulam estudos e pesquisa porque tem pressa em chegar onde sempre chegam.

Um trunfo da IDEO são seus times realmente multi-disciplinares e talentosos, muitas empresas investem mais na sala colorida, cheias de tecnologia e puffs amarelos que em pessoas, mas enfiar muitas pessoas em uma “sala criativa” exigirá tempo e experiência para fazer efeito.

O primeiro passo é dedicado ao entendimento do que temos em mãos, já no segundo iniciam as técnicas e sessões de brainstorming, individuais, em grupos e coletivas, com amplo espectro, sem pré-conceitos, críticas, nem líderes. Só muitas ideias, debates e exposição visual.

Estamos seguindo o duplo diamante, primeiro divergimos para depois convergir, há várias técnicas de convergência em grupos de trabalho, de forma que as ideias vão sendo postas e todos podem votar naquelas que mais chamam a atenção por serem inovadoras, boas e factíveis.

O passo seguinte a escolha das melhores ideias é o de prototipação e validação, rapidamente materializando de diferentes formas, se utilizando de quaisquer técnicas e materiais para tanto em rápidos ciclos de feedback, ajustes e nova validação.

Há um permanente sentido de facilitação e organização, é preciso gestão e staff para prover as condições e gerenciar pessoas, material, garantir regras de convivência, alimentação, não só prover mas ter uma visão estratégica sobre o andamento.

Técnicas como a IDEO Deep-Dive não encerram-se em si mesmas, são aceleradores para transformar ideias em algo validável junto ao mercado a que se destina, é concentrar uma dúzia de pessoas em alguns dias, gerando um somatório de centenas de horas concentradas e dirigidas por uma técnica orientada a inovação, buscando extrair o máximo de sinergia e resultados no menor tempo possível.

Encerro citando o duplo diamante do Design Thinking, tanto quanto os novos conceitos de Design Sprint experimentados pelo Google, também técnicas de Inception Enxuta como a Direto ao Ponto do Paulo Caroli. É preciso ter explosão e direção, desde a percepção da necessidade, ideação e prototipação, intercalado com validação e ajustes a cada passo … arriscar-se a errar cedo, aprender com os erros e melhorar.

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