Um meta-canvas como abordagem para co-criação de jogos

Há canvas específicos que uso e compartilho para jogos, mas há o desconhecido, nesses casos precisamos de liberdade, iniciar por braisntorming de jogos conhecidos ou referências existentes que nos inspirarão na construção de algo novo.

Nos meus workshops de Jogos 360°, o último exercício diz respeito a co-criação de um jogo, uma equipe ali formada cria uma versão através de ciclos de brainstorming, simulações adaptando o que já existe e playtest conceituais instantâneos.

PLAYTEST é o processo pelo qual um designer de jogos testa um novo jogo antes de colocá-lo no mercado. Há testes abertos, fechados, beta e outros. Aqui especialmente estou me referindo a playtests de pretótipos (modelos toscos) ou protótipos (mais realistas) para validação de conceitos em diferentes níveis de explicitação.

Sempre proponho uma abordagem que parta de propósito e exemplo de bons jogos conhecidos, com potencial de serem inspiração para aquilo que queremos construir … não é copiar, mas se inspirar, reler para pretotipar, rodando ciclos sucessivos de refino.

O termo PRETÓTIPO diz respeito a testar o conceito inicial de algo em uma apresentação planejada com restrições (tosco) da ideia de um produto, simulando sua essência com o menor investimento possível de tempo e dinheiro. Queremos apenas saber se as pessoas estariam interessadas pelo propósito e conceito.

EXEMPLO PRÁTICO – iniciando do zero

Nos workshops, em certo momento formo times aleatórios de 5 pessoas e elas discutem suas ideias e propostas, iniciando por sugestões de jogos que curtem e o que podemos fazer a partir deles, como no tópico “high level concept” do Lean Canvas …

Eu incentivo que desde o momento zero, a qualquer momento, é possível pegar papel e canetão e começar a materializar (físico ou virtual) o que estamos dizendo, momento mágico, acelerador de ideias legais a partir de jogos conhecidos.

No canvas abaixo inicio por um brainstormin de jogos conhecidos que servirão de inspiração, para então debater e definir o que queremos, o propósito (qual o objetivo estratégico), substrato (com o que podemos contar) e métricas (qual o valor e como medi-lo).

Lavoisier sabia das coisas, é fundamental partir de referências, trazer exemplos de jogos que servirão de inspiração, quais são os jogo que podem nos inspirar, o que sabemos sobre a história dele, quais seus pontos fortes e fracos. Não se iluda, no desenvolvimento de jogos esse é um grande acelerador para comunicação e entendimento.

Finalmente, temos um bom debate sobre quais as características que desejamos ter em nosso jogo, provavelmente muito influenciado por propósito, substrato, métricas de valor e exemplos. Normalmente tudo isso acontece com muito debate e trocas.

O tempo todo, pretótipo e playtest, virtuais ou físicos, papel colorido, fita crepe, tesoura, canetões, muita criatividade e parceria para validar, melhorar, validar, melhorar – pretótipo MVP, playtest – adaptação, recomeçar – Game Start Canvas:

EXEMPLO PRÁTICO – propósito definido

O canvas acima não é um roteiro, é um guia adaptável, a cada execução vamos adaptando-o ao ritmo e dinâmica do grupo … é preciso ter essa liberdade. Assim, podemos e devemos explorar o necessário e ir ajustando o canvas a nossas percepções de valor.

Abaixo já tínhamos um propósito, substrato e métricas, materializamos para entendimento e direcionamento. Então, a partir dessa definição, entramos nos exemplos, fazemos entrevistas relâmpago, pesquisamos, , …

Se o banco imobiliário, jogo da vida, detetive, master, imagem e ação, … um ou mais lhe serviu de inspiração, fica muito mais fácil criar algo a partir daquilo que rapidamente todos percebem como um exemplo prático. Este é um acelerador muito efetivo.

A partir de exemplos, a comunicação ao debater características e cenários ficam muito mais assertivos, fáceis de entender e pivotar. Relembrando que a qualquer momento podemos pegar papel, imagens, tabuleiros, cartas, dados e … testar conceitos.

Feito é melhor que perfeito

O maior desperdício aqui é tentar impôr a “sua” ideia, criar jogos tem a ver com a arte do desapego, esteja aberto a outras ideias e disposto a validar conceitos em minutos, se no playtest não rolou, debata, ajuste, teste de novo, se for o caso abandone e recomece. Parece drástico, mas as vezes é preciso permitir testar possibilidades distintas e depois escolher uma, que pode ter sido a primeira.

Outro desperdício imenso é a megalomania, sua primeira versão jamais vai ser uma versão comercial, o foco deve ser entender e validar em playtests o(s) conceito(s), depois um ou mais MVP’s, sempre de forma tosca, porque se demoarar muito para validar é porque passou do ponto e o risco de retrabalho, desperdício e abandonar porque acabou o dinheiro é ENORME.

Em menos de uma hora, já vi a galera pretotipando jogos ótimos para educação financeira para crianças baseado no banco imobiliário, comunicação positiva nas escolas usando como base o Grok, vários jogos distintos a partir do Master e do Imagem e Ação, um modelo de gamificação baseado em conceitos de RPG e um jogo sobre emoções 100% original usando acordes do piano alí no Café Coworking.

Planejamento

Tudo até aqui é ideação, muito debate, muita explosão e validações conceituais, mas a medida que temos algo acordado, chega a hora de modelar seus detalhes, temos muitos canvas como o Game Model Canvas e o Game Design Canvas, para gamification temos o Gamification Canvas e o Gamification Project Canvas, … a proposta acima é inicial, trabalhando mais o conceito e ideação.

Virá o workshops para co-criação do storytelling, storyboards, gamedesign, quando a viagem mais profunda acontece, mundos e fundos de cena, personagens e suas características, mecanismos e suas possíveis implementações, fases, desafios e conquistas, chefões, … que também terão de ser validados antes de uma dedicação ao design mais apurado, uma etapa onerosa e bem mais apurada.

gamification model  game model game design

A tempo, para quem quiser jogar ele em um Miro ou Mural, abaixo uma imagem p/colar:

Game Start Canvas

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