Taylor e Fayol (1910) na época da Administração científica, mecanicistas, defendiam que empregado bom é o que NÃO pensava, ele deveria apenas executar o mais rápido possível as tarefas que recebeu, mas desde então o mundo mudou, espera-se dos funcionários que eles se identifiquem com seu trabalho, sejam pró-ativos, inovadores em prol da melhoria e evolução, sim, os funcionários devem pensar e são valorizados por isto, valorizá-los e reter os maiores talentos passou a ser o novo mantra.
Irei logo em seguida apresentar o Modelo de Tensão no Trabalho (Job Strain Model – JSM), desenvolvido por Robert Karasek (1979), as variáveis medidas por ele foram Demandas e Controle, traçando uma relação destas com a percepção de satisfação das pessoas, levando as vezes a reflexos no psico-social, podendo desencadear a somatização de doenças. Um estudo psicológico que muito tem a ver com um dos pilares dos métodos ágeis, o de senso de pertença e auto-organização, ele percebeu que profissionais com mais atividades e alçada sobre suas responsabilidades são mais felizes (= auto-organização).
Antes quero relembrar Tuckman (1965), pois a formação de grupos tem tudo a ver com a JSM e Agile, com as fases de Forming, Storming, Norming e Performing, uma progressão não linear, pois fatores diversos podem desestabilizar, reverter, estagnar ou acelerar, quer seja devido a imprevistos, mudanças ou oportunidades, trocas de integrantes, de tecnologia, processo, entre outros, Performing é sinergia e integração (= auto-organização).

A tempo, a pequena curva amarela no Forming é minha, uma liberdade poética, pois no início, antes de começar, tudo é alegria … os problemas começam quando do dia-a-dia, pois envolve gente, pessoas com diferentes vivências, educação, valores familiares e de vida, que terão que ser aparados em prol de boa convivência e convergência nos projetos (= auto-organização).
Karasek propôs um modelo de tensão (JSM) que analisa por um lado as diferentes Demandas sobre cada profissional, o volume, dificuldade, as alterações, o prazo, o risco e oportunidades inerentes a sua execução, por outro lado o Controle que cada profissional tem para executá-las, de encontrar a melhor forma de fazê-lo, ter autonomia em discuti-las.
Mais que isto, o trabalho não é para ser uma ilha, é para ser em equipe, pois da soma de diferentes perfis e qualidades é que emergem os melhores times, preferencialmente de forma auto-organizada. Aqui chegamos ao pulo do gato da JSM, o modelo propôs o seguinte gráfico, em que podemos ver o eixo das Demandas, Controle e a formação de 4 quadrantes, com diagonais que sinalizam o crescimento da tensão (stress) e atividade (produtividade):

A conclusão é que Taylor e Fayol estavam errados, as pessoas querem ser felizes e trabalhar pouco é menos apropriado a felicidade do que poder auto-organizar-se e fazer algo que lhe gere orgulho e prazer em fazer, não que isto seja fácil, mas é o cerne dos métodos ágeis … se você não quer isto para si, melhor manter distância, porque auto-organização exige equilíbrio entre direitos e deveres de todos os envolvidos … inclusive e principalmente quem faz acontecer 🙂
Meu mantra desde que entrei no mestrado é uma das primeiras frases que escutei de minha orientadora, “vemos mais longe se estivermos sobre os ombros de gigantes!“, quer dizer que antes de nós houveram grandes pensadores, cientistas, pesquisadores, mestres e doutores que se dedicaram a teorizar e propôr modelos e ciência, é um desperdício reinventar a roda, ao olharmos lá de cima enxergamos mais e melhor …