Há um engano por parte de muitas pessoas quanto a busca da felicidade no trabalho, alguns confundem relatos de agilistas ciclistas, cabelos compridos, bermudas, camisetas descolada, esportistas, postando games e coisas legais, de bem com a vida … deduzindo que agora é alegria e livre arbítrio 24Hr por dia.
Queremos ser felizes, mas a felicidade no trabalho esta atrelada a resultados, tem gente que olha para algumas empresas descoladas e se ilude que eles só fazem coisas legais, jogam sinuca, não sofrem pressão ou não prestam contas por resultados, a empresa é a casa da mãe Joana e só falta uma piscina aquecida.
A má interpretação advém de um entendimento equivocado por muitas pessoas que confundem e se perdem em liberdade excessiva após anos trabalhando em stress e resultados sustentados por muita individualidade mais que o coletivo, competição e responsabilização pessoal acima do senso de grupo.
Defesa de TESE
Temos nosso tempo dividido em três partes, quase iguais, entre descanso (sono), lazer e trabalho, incluindo como trabalho o almoço em dias úteis, pois devemos ter bom senso em tempo e consumo, esta introdução busca esclarecer minha visão quanto a natureza do aspecto felicidade nas diferentes fatias:
1/3 Descanso (sono) – Estou partindo do princípio tradicional de 8 (oito) horas de sono diário, mesmo ciente de que conforme a idade e características biológicas e mentais esta fatia pode ser um pouco maior ou menor, mas estas pequenas variações em nada alteram a minha tese e explanação;
1/3 Lazer – Quando não estamos dormindo ou trabalhando, temos total liberdade para aproveitar ao máximo nossos dias, junto a família, cônjuge, filhos, namorando, brincando, jogando, aprendendo, investindo em nosso futuro em diferentes abordagens, voluntariado, etc, um zilhão de oportunidades;
1/3 Trabalho – Finalmente aqui esta o pomo da discórdia, na fatia de trabalho os princípios ágeis e toda uma cultura baseada em métodos e técnicas que valorizam o trabalho interativo não só com colegas como todo o ecossistema, a busca por um ambiente que valorize nosso potencial e individualidades, na busca por sinergia, construção, inovação, empreendedorismo, acredite, é possível!
Felicidade | Happiness | 幸福 | Bonheur | Felicidad | سعادة
Até ai, tudo bem, afinal onde esta o problema de quem não entendeu o espírito da coisa? É que a natureza da felicidade buscada na fatia de Lazer é sutilmente diferente da idealizada para a fatia de trabalho, tem gente que acha que é igual:
Felicidade / Lazer – Aqui temos total livre arbítrio, as balizas são a prática segundo crenças, ideais, valores familiares, cabe a cada um usar ou não bom senso no desperdício, “aproveitar” os seus dias positiva ou negativamente, fato!
Felicidade / Trabalho – Aqui a busca é ser feliz dentro de um contexto em que existem direitos e deveres, várias pessoas interligadas com objetivos pessoais e algo comum, agregando a suas carreiras enquanto constroem algo diferenciado para o negócio, aqui a felicidade é fazer mais com o coletivo, antecipando oportunidades e riscos, fazendo a diferença.
Ser feliz na fatia de tempo do trabalho NÃO é fazer o que se quer, a revelia, NÃO é deixar de fazer o seu melhor, é usar a liberdade conquistada, mas COM muita responsabilidade. Conheço novos entusiastas que insistem em achar que ser ágil lhes dá o direito de passar parte do dia sem objetivo ou contradizendo o PO ou o combinado com o time, querem mais descompressão e projetos pessoais.
Fácil identificar, são os que se empenham em formar consenso contra todo e qualquer tipo de artefato que transpareça qual o tempo real diário dedicado às tarefas do Sprint, são os primeiros a questionar e reclamar de qualquer iniciativa em apoiar a gestão do tempo, em aferir velocidade, em ter-se na retrospectiva dados mais precisos sobre os meandros da Sprint, extras e priorizações.
Ser feliz no trabalho é colaborar e contribuir na construção de um time vencedor, crescer, ver sua carreira decolar por méritos conquistados na empresa onde esta trabalhando e que paga o seu salário, enquanto estiver lá é esforçar-se para ser cada vez mais valorizado, de forma sustentável, coletiva, divertida, juntos, se antecipando a problemas que gerariam stress e que juntos tiramos de letra.
A busca pela felicidade em cada fatia é a mesma e diferente ao mesmo tempo, em casa alguém pode se dedicar a não fazer nada, ficar só no sofá e mesmo assim ser feliz, no trabalho a descontração e a felicidade é orquestrada pelo time, com foco na construção de algo que os valorize, pelo crescimento de cada um e todos, de suas carreiras e como time, inclusive e em especial pelo crescimento da empresa.
Muito bem colocado Audy. Como em vários aspectos da vida, métodos ágeis por vezes acaba sendo mal visto por causa de uma parcela que não utiliza a liberdade de forma apropriada. Eu vejo algo similar ocorrer com o trabalho remoto, que acaba sendo “queimado” por pessoas que o utilizam como forma de matar trabalho. Porém, a maioria das pessoas que conheço sabem utilizar quando necessário de forma correta e, por experiência própria, acaba sendo mais produtivo até mesmo do que o trabalho presencial (bom, aí tem uns poréns, como menos interação, etc., mas não vem ao caso).
Brincadeiras a parte: e o tempo no trânsito de Porto Alegre? É parte do lazer diário? 🙂
Puxastes o núcleo central de minha preocupação, o quanto profissionais imaturos depõem contra ou mesmo inviabilizam a adoção correta de boas alternativas, não importa o nome, princípios e métodos ou equipes de alto desempenho, como diria uma colega, podemos chamar de “Blambs” … o rótulo não é o diferencial, mas a solução proposta na prática cotidiana baseada em mais interação entre as pessoas … É, meu amigo, passados 12 anos do manifesto e ainda há muito chão a ser percorrido para a adoção real de agilidade pela grande e esmagadora maioria das empresas, mais por responsabilidade da imaturidade das pessoas do que por dificuldades impostas pelas empresas … Mas, vamos em frente, né. Abração!
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