O trabalho de um Agile Coach é como aquelas manivelas usadas em um Ford Modelo T na primeira metade do século XX. O PO (product owner) é o motorista, a equipe é o motor, pois tem os pistões, válvulas, virabrequim, etc. O motorista sabe qual o caminho e destino desejado, o motor sabe como fazer o carro se mover da forma certa. O papel do Agile Coach é apoiar PO e equipe para que o motor funcione e o carro chegue no destino com método e resultado (valor).
O papel de TODOS os agile coachs e scrum masters é tornarem-se dispensáveis, jamais se colocarem como caminho crítico, se após algum tempo eles forem imprescindíveis, tem algo muito errado. Se o carro ficar parando e engasgando e exigir mais e mais a presença de sua manivela, é porque o problema real não está sendo tratado, o trabalho de coaching não está surtindo os resultados esperados.
Uma analogia até com desenhinho para fácil entendimento, claro que uma analogia jamais é 100% aderente a realidade, mas ela passa a natureza e alma do papel do Agile Coach em meio a um processo de adoção Agile, Lean Business Analisys, Design Thinking, Lean StartUp, etc etc etc. De quebra, eu curti a analogia de motorista para o PO e mecânica para a equipe.
- De nada serve a alavanca fazer o movimento e ir embora antes de ter a certeza que o motor pegou;
- De nada adianta treinar apenas e não rodar na prática, porque Agile não é teoria, até porque a teoria na prática é outra;
- Se a alavanca é acionada a cada ciclo sem dispensá-la, é porque não está funcionando direito e a alavanca virou muleta;
- Se a alavanca gira para o lado errado, o motor não vai pegar, as vezes é preciso trocar a alavanca, porque ela não sabe o seu papel;
- James Shore no seu Modelo de Fluência diz que executivos podem decepcionar-se com os resultados iniciais na adoção Ágil – Atenção na sua alavanca;
- Se a alavanca não encaixa, pensa diferente, não tem empatia, não catalisa, mas diverge, a possibilidade de dar errado é quase 100%;
Dá para desenvolver uma boa analogia ao motorista/PO, pois se ele não sabe onde quer ir, a probabilidade de dar errado também é quase 100%. Se ele dirige errado, se ele não sabe dirigir, …
Também dá para desenvolver a analogia do motor/equipe, pois cada peça tem responsabilidade sobre o todo, não adianta ter pistões de ouro, mas virabrequim de papel, o motor precisa ter harmonia, complementariedade, força, …
E o líder, como fica? Seria possível perceber o líder como o dono de uma frota de carros, ele precisa garantir a manutenção, a reposição, a evolução, disponibilidade de gasolina, analisar o custo x benefício, …
E os outros? Também tem o mecânico, o frentista, o lavador, o costureiro, o funileiro, etc etc etc. Pois qualquer projeto possui stakeholders e também fornecedores como GP, DevOps, DBA, Rede, Middleware, arquiteto, engenheiro, etc etc etc.
Um projeto executado em Scrum, uma equipe de manutenção em Kanban, áreas de escritório em Lean Office, tudo se encaixa nesta liberdade poética, é preciso ter equilíbrio e sustentabilidade, gerando muito valor. Um carro que não é confiável, que nos deixa na mão não pode ser ágil, mas se não colocar óleo e gasolina, ele não pode ser ágil por restrição além de sua alçada.
Enfim, eu poderia tomar um chá de cogumelo e ficar viajando na analogia, mas isto seria desperdício, porque meu objetivo era compartilhar o que eu vivo compartilhando, mas de uma forma mais liberta de preconceitos … Done!
Audy,
Mais uma vez um excelente texto.
Parabéns!
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Grande Vladson, as vezes eu tomo um chá de cogumelo e sai essas paradas aí 🙂 rsrsrsrsrsrsrs
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Uma boa analogia vale mais que algumas leituras “pesadas” e tradicionais. Baita texto…Parabéns! !!
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Concordo, Che tinha razão, temos que ser duros sem perder a ternura! Hora pesados, hora poéticos 🙂 rsrsrsrs
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Audy,
Excelente texto e ótima analogia! Parabéns.
Ainda falando em carros, eu acho legal o case da Wikispeed (que é um case de uso do Scrum mais antigos fora da TI) pois eles sempre produzem um novo carro, melhor que o anterior. Entretanto, não é uma produção padronizada nem de grande número (para não falar em escala).
Acho que em “grandes montadoras”, as vezes é necessário padronizar determinados elementos. Ter este entendimento e comunicar com clareza que todos virabrequins são e serão de papel, dadas as restrições e contexto da organização é fundamental.
Um problema que eu tenho observado, é o fato de algumas empresas possuírem pistão de ouro, virabrequim de papel e uma expectativa de que o motor gere mais HP que uma Ferrari.. Muitas vezes não é por maldade, é pura falta de conhecimento e experiência…
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Uhum, teoria das restrições!
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Analogia fantástica! Parabéns!
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Grato, é uma forma bem descontraída de introduzir o assunto 🙂 [ ]
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