Focus Group é uma técnica de pesquisa qualitativa em que um grupo de pessoas é reunida em um ambiente exclusivo e interativo, questionados sobre suas percepções em relação à produto, serviço, conceito ou ideia ali apresentados. Neste contexto, assistido pelos facilitadores, visíveis ou ocultos, cada convidado é livre para falar com outros participantes, experimentar, opinar, debater.
Deve ser realizado em um ambiente adequado, descontraído, funcional, observável, registrando não só a opinião mas as interações entre os membros do grupo, o volume de dados gerados e riqueza de detalhes verbais e não verbais. Bem desenvolvido, geram um mar de oportunidades, analisados em tempo real e a posteriori por equipes multi-disciplinares que assistem a suas gravações.
A análise dos dados dos grupos focais apresenta desafios e oportunidades quando comparado a outros tipos de dados qualitativos. Por ser uma experiência de grupo em ‘laboratório’, pode inibir ou potencializar, gerando características únicas e desafiadoras nos dados. Um facilitador inexperiente com certeza pode conduzir ou desperdiçar relevantes sutilezas e situações.
Existem variações para a realização de Focus Group, mas a mais comum trata-se do convite de grupos contendo de 6 a 12 participantes, onde um produto, serviço, conceito ou ideia é apresentada para opinião, podendo haver livre debate, apenas moderado a nível de dinâmica, mas jamais influenciando de alguma forma a opinião dos participantes.
Na minha dissertação de mestrado eu lancei desta técnica para convidar especialistas em implantação de metodologias ágeis para que de forma independente e sem influência externa cada um pudesse avaliar meu artefato de pesquisa e posicionar-se de forma a legitimá-lo e aprimorá-lo.
FOCUS GROUP ÁGIL
Em meados do mês de Outubro foi realizado um Focus Group organizado pelo doutorando Guilherme Wiedenhoft e pela professora Edimara Luciano, que por acaso também é minha orientadora, com um formato a partir de dinâmica típica de um User Story Mapping. Uma semana antes debatemos o formato e eles optaram pelo uso de um Canvas semelhante ao quadrante mágico do Gartner com eixo X de Relevância (valor) e Y crescendo de específico para genérico.
Para ler mais sobre o tema de Efetividade em Governança de TI, linha de pesquisa da Profa Dra Edimara M Luciano, orientadora do Guilherme e minha:
- Artigo – http://revistas.facecla.com.br
- Dissertação – http://repositorio.pucrs.br
- http://br.linkedin.com/pub/guilherme-wiedenhoft
O quadrante mágico eu uso a anos em workshops para gestão do tempo (importante x urgente), para princípios (crença x realização), para retrospectivas em debates no plano de ação de mudanças (valor x investimento). O principal benefício é favorecer a participação colaborativa e o uso de percepção visual, auditiva, motora, instigando a atenção, argumentação e convergência.
O Focus Group iria discutir a relevância e validade de um pack de mais de 50 indicadores de efetividade da Governança de TI. Dados que vieram sendo levantados pelo Guilherme em meio a seus estudos, em uma revisão teórica sobre o tema e junto a especialistas. Ele concluiu o mestrado recentemente e hoje cursa o doutorado no PPGAd / FACE / PUCRS.
A dinâmica teve a oportunidade de acontecer em uma sala muito descolada, forrada de fórmica branca em todas as suas paredes, bem iluminada, agradável e que permitiu muita interação entre todos os participantes.
Iniciou com uma explanação feita pelos facilitadores, explicando a dinâmica e realizando um pacto a favor da colaboração franca e participativa. Os quadros, da esquerda para a direita, cfe segue:
- Um quadro com a legenda de cores para cada critério (ilustrativo);
- Um quadro contendo todos os indicadores sugeridos para cada critério, a serem discutidos e remanejados no transcorrer do debate;
- Um canvas com os eixos crescentes de relevância (X) e utilidade (de nicho até os mais generalista);
- Um quadro para os postits dos indicadores que o grupo concluísse como NÃO sendo indicadores ou inválidos para governança de TI.
Durante o Focus Group, no transcorrer dos debates, os postits foram sendo movidos para os quadrantes do Canvas principal de valor e utilidade ou considerados inválidos. O legal desta dinâmica é que a cada nova movimentação somos obrigados a rever e validar os anteriores, reposicionando-os, reavaliando quando necessário um ou mais dos anteriores frente a novas percepções, pois na medida que se desenvolve vamos mais entendendo e nos apropriando.
Como qualquer outra técnica produtiva, o tempo deve ser planejado em mínimos ou máximos (timeboxes), pois se for rápido demais é porque não houve a devida reflexão, se for demorado demais, cansa e torna-se improdutivo. O tempo foi cumprido, uma hora e meia de debates, inicialmente contidos e um pouco caótico como sempre, seguido de um crescente de entendimento e posicionamento de parte a parte … muito legal.
Como sempre, uma pilha de lições aprendidas, coisas a iniciar, a manter e a melhorar … mas uma experiência interessante a ser compartilhada e repetida. Os eixos do Canvas são ajustáveis a cada tipo de pesquisa, assim como há vários outros formatos de Canvas, este é apenas um a ser considerado.